sexta-feira, 22 de junho de 2012

Un autre été



Romi Schneider e Alain Delon, em Cannes, 1962.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Connections

CELINE: "I guess when you're young, you just believe there'll be many people with whom you'll connect with. Later in life, you realize it only happens a few times."

Before Sunset, de Richard Linklater (2004).

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Era um frasquinho de Felix Felicis, sff.






Nesse poço de sapiência absoluta que são os livros do Harry Potter, uma vez, o Potter fingiu dar ao amigo Ron uma poção de sorte, “Felix Felicis”. E o Ron conseguiu vencer um jogo de Quidditch imaginando que estava bafejado pela sorte, quando, afinal, venceu pelo seu mérito, apenas e só. Da mesma forma, e mais recentemente, foi revelado que a Duquesa de Cambridge usou um lacinho azul, cozido no interior do seu vestido de noiva, cumprindo a tradição do “something blue” para dar sorte no casamento. Era preciso ela usar isso? Não sei. Mas ela, pelo sim pelo não, achou que sim.
O Ron no mundo ficcional e a Kate no mundo (literalmente) real têm algo em comum: é importante acreditar em alguma coisa. Acreditar em nós é fundamental. Mas às vezes não basta. E, assim, agarramo-nos a um qualquer credo religioso, a uma superstição qualquer, a um amuleto, ou nem que seja a uma patranha que alguma pitonisa da treta nos disse. Acreditar em alguma coisa faz-nos pensar (ou ter a ilusão) de que estamos de alguma forma “protegidos”. E é, precisamente, essa atitude que faz toda a diferença.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Ganhámos o jogo de ontem

O bom médico

O bom médico é aquele que, ante a ansiedade do paciente que tem de ser examinado, não só é um profissional rigoroso e experiente, como também é aquele ser humano que sabe descontrair e ser afável, para obter uma melhor colaboração por parte do examinado. O bom profissional de saúde é, enfim, um pouco como os homens: basta tocar no assunto certo (ou na coisa certa) e faz-se clic. E, assim, é bom ouvir alguém sensível perguntar "Gosta de viajar?", e, no meio de batas brancas, cheiro a álcool, agulhas e outros instrumentos de tortura, voar por uns momentos até à brumosa Londres e debater sobre os seus encantos.

Anestesia geral



Todos sabemos que Portugal é um país um bocadinho bipolar, passamos da euforia para a depressão, e vice-versa, enquanto o diabo esfrega um olho. Agora que anda tudo anestesiado com o futebol, pelo menos não é a crise o tema principal das conversas e dos temas de abertura dos telejornais (ou quase). Mas, algures por aí, já começou a contagem decrescente para passarmos de bestiais a bestas.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

"E cosmopolitans para todas"



Do incrível potencial saneador e regenerador de uma saída à noite com as amigas.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

E agora, para acalmar do post anterior, cantem os anjos e avancemos com Evelyn Waugh, que fica sempre bem



«Durante quase dez inertes anos depois daquela noite com Cordelia, fui conduzido por um caminho aparentemente cheio de mudanças e incidentes, mas nunca durante esse tempo, excepto por vezes na minha pintura - e isso a intervalos cada vez maiores - estive tão vivo como quando durante o tempo da minha juventude com Sebastian. Julguei que fosse a juventude, e não a vida, que estava a perder.»



E. Waugh, Reviver o Passado em Brideshead

Post dedicado






Queridíssimos leitores, por favor ignorem este post, pois ele é dirigido única e exclusivamente a um filho da puta (pardon my french) que, quando eu escrevi este post sobre a amamentação, teve o desplante de dizer que "não tinha gostado de o ler". Sua Excelência, imagine-se, tinha ficado incomodado, porque, segundo Sua Excelência, que é um homem pouco sensível e nada sensato, considera que as dificuldades, as dores, os sofrimentos relacionados com a maternidade são tudo exageros da parte de mulheres mimadas, que não devem falar nem partilhar essas coisas.



Pois aqui vai um texto muito bom, que achei que muitos desses filhos da puta que por aí andam deviam ler e ter exactamente a mesma experiência e dificuldades de ter um filho, para verem quanto custa. Um texto da Dora, via Pólo Norte que também está grávida:




"(...) desisti de amamentar - a decisão foi considerada sensata pela pediatra da minha filha e pelo meu obstetra. E por mim e pelo pai da minha filha.
Eu explico porque desisti de tentar - porque dormia uma hora de cada vez, tendo que alimentar a minha bebé de 3 em 3 horas até ela alcançar o peso com que devia ter nascido, o que aconteceu por volta dos 2 meses e meio, 3 meses. Dia e noite, de 3 em 3 horas, com o pai a ajudar imenso, mas o pai tinha que trabalhar e, como trabalhador por conta própria, não teve licença de paternidade. Eu estava de rastos, dorida, com todos os movimentos a custar horrores na minha barriga agrafada, com as mamas quase a rebentar de inflamação, com as emoções desenfreadas e com o cérebro afectado pela privação de sono.
Por isso, quando ouvia alguém - sempre muito bem intencionado - a achar que tinha que me convencer a amamentar a minha filha, essa pessoa parecia-me amplificadamente insuportável.

Eu cheguei a um ponto em que emergi desse pântano e decidi o seguinte: eu tinha tido uma bebé e passava mais tempo preocupada com não conseguir amamentar do que em usufruir desse tempo mágico, imenso, deslumbrante, pleno, maravilhoso e irrepetível que é ter um bebé. E eu escolhi arrumar a infernal bomba do leite, munir-me do melhor leite para prematuros que havia na farmácia e começar a disfrutar da minha bebé, que crescia muito bem e saudável.
Só partilho esta história íntima para mandar para o caralho aquela gente que, volta e meia, decide debater a questão da amamentação e até quando as mães devem amamentar para serem mães como deve ser - quando mesmo as mães que amamentam até tarde se recusam a emitir juízos de valor e, como muito bem disse a Adelaide de Sousa, que amamenta o filho de 2 anos e meio, cada um sabe de si e todos os filhos adoram as mães, com ou sem mamas. A Time lançou o rastilho e a Visão também pegou nele. Advirá isto do preconceito ainda muito vincado de que as mulheres, as pobres, nunca sabem tomar decisões e por isso é que há sempre estes debates sobre as mamas das mulheres e o uso que lhes devem dar.

E o que me surpreende é que se fala do assunto presumindo que todas as mães têm leite durante seis anos e só não amamentam os filhos, as grandes cabras, porque são más pessoas. Das dores, das mastites, da dificuldade em conseguir começar a dar leite, disso ninguém fala (...)"

Highly recommended


Uma comédia britânica, simples e inteligente, com excelentes actores e toda uma história que passa por Londres, pela minha adorada Escócia e pelo Iémen. Mistura subtilmente e muito levemente comédia, drama e romance, aborda questões como a ciência e a fé, o islão e a cultura ocidental, as relações entre a velha Albion e o Médio Oriente, e ainda há por ali o adorável sotaque escocês e um sheik árabe que é provavelmente um antigo Etonian. Tudo misturado com a actualidade dos projectos megalómanos de grandes riquezas árabes, e com a inevitável metáfora do salmão, que nada rio acima em direcção à vida renovada.

Posto isto, não deve ter sido à toa que o livro homónimo de Paul Torday, no qual o filme se baseou, recebeu o Bollinger Everyman Wodehouse Prize em 2007.

E como provavelmente este meu texto pseudo é altamente desmotivador, vou só resumir: vejam, eu recomendo.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Dia cinzento

Os únicos sítios onde me apetecia estar hoje.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Pedro e o lobo

Pior que as pessoas que mentem aos outros, são as que não conseguem evitar mentir a si próprias. Tanto que, quando algo é finalmente verdade, nem elas mesmas acreditam. E a verdade, essa, passa-lhes ao lado.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Eu penso que sim, mas acho que não

Gosto muito de pessoas que não têm opiniões definidas.

Um hábito que só faz o monge



Hoje vamos falar de pessoas que, ao pegarem em vários papéis, têm o hábito pouco higiénico de lamberem o dedo e vá de folhear, muito contentes, para depois entregarem a outras pessoas os papéis impregnados com a saliva delas.

Acontece-me muito partilhar uma impressora com alguém e depois de eu fazer uma vã e inglória maratona para apanhar os meus papéis recém-imprimidos antes de qualquer outra pessoa, já lá chegou alguém antes de mim, e já lá está muito sorridente e muito diligentemente a lamber o dedo e a passá-lo nos papéis, prontinhos para virem para as minhas mãos com fluidos salivares alheios. Ora, é desagradável. E, não estando eu interessada em fazer nenhuma recolha de ADN desta gente, não percebo porque é que os meus documentos têm de ir sempre carimbados com o seu, enfim, selo branco pessoal.

É que, a montante de ser uma esquisitice minha, e a jusante de ser uma questão, digamos, de saúde pública, vou passar a recordar estas pessoas que era assim que os monges morriam assassinados em “O Nome da Rosa”. A ver se os assusto.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dull, dull, dull



O Robert Pattinson veio esta semana a Portugal. Eu não gosto muito do Robert pattinson. E, felizmente, não sei como é o Robert Pattinson a representar na Saga Twilight (não tenho a mínima paciência para vampiros). Nem no Cosmopolis. Mas vi o Bel Ami (queria ver o filme porque tenho ainda menos paciência para Guy de Maupassant do que a que tenho para vampiros). E só tenho duas coisas a dizer: inexpressivo e pouco talentoso. Todo ele é um longo bocejo. Todo ele é um grande aborrecimento a representar (deve ter pedido dicas à Kirstin Stewart; e depois enamoraram-se, e felizmente, porque assim só se estraga uma casa). Very dull, como os britânicos costumam dizer. Não é ele que é britânico? Lá está.

Perder uma ou outra gotinha



Parece que por aqui, depois do calor abrasador dos últimos dias, a temperatura máxima vai descer cerca de dez graus no fim-de-semana. Humpf.

Desgraçadamente, também parece que vai haver chuviscos. A indecisão do tempo primaveril parece aquelas pessoas nos anúncios das cuecas para incontinentes: quando menos se espera, também perde uma ou outra gotinha.