sexta-feira, 28 de junho de 2013

Problemas de expressão

Problemas de expressão. Geram gaps fracturantes. Separam pais e filhos, velhos e novos, homens e mulheres, e, sobretudo, cabeleireiros  e clientes. Encontrar um novo cabeleireiro que compreenda o nosso cabelo é um desafio monstruoso.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Desencontros

Ainda sobre aquele artigo do Matt McClain, do Washington Post, sobre a baixa natalidade em Portugal, não sei como querem que seja de outra forma: infelizmente, a natalidade nem sempre é um tema que se resume à idade reprodutiva das pessoas (ao contrário do que os médicos gostam de impingir) e nem tão pouco se limita às condições materiais (como os políticos e economistas costumam gostar de destacar).
Esquece-se, frequentemente, os "desencontros". De facto, a maior parte dos jovens que conheço, que têm relações afectivas estáveis e condições para formar uma família, têm conhecido o desemprego ou a precariedade; mas, inevitavelmente, a maior parte dos jovens que conheço que têm bons empregos, conhecem a outra precariedade, a afectiva.
Não sei se serão simples desencontros ou se é a lei da compensação em acção, mas realmente andam muitas mais coisas a conspirar para que os portugueses, mais dia menos dia, se extingam.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Suavidade ao toque

Isto de se estar parado num semáforo, no trânsito, e o veículo da frente não dar pelo sinal verde ter caído, reveste-se de uma inesperada complexidade. Ou nos deixamos estar eternamente até que o condutor se aperceba que o sinal ficou verde, ou então apitamos. Levemente, de preferência. A buzinadela quer-se suave, "amigável", para o outro perceber que foi só uma chamada de atenção, e que não foi um apito exasperado de quem está cheio de pressa. A subtileza está no grau de suavidade com que se apita. Mas aqui é que está a questão, eu nem sempre tenho essa subtil coordenação motora, ou nem sempre estou em sintonia com a buzina do meu carro, e, pronto, ganho alguns inimigos no trânsito citadino.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

E bom fim-de-semana


Uma imagem que diz tudo, que define tudo, que encerra tudo.
É a prova que de onde menos se espera (eu, pelo menos, não esperava, sinceramente) vem a razão, a razoabilidade, a pertinência de algumas lutas sociais.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Frivolidades: o little white dress




Sou adepta do vestido branco no Verão (e fora dele também). Fico desconcertada com os little black dresses. Sei que é muito elegante e sóbrio, mas várias mulheres, todas juntas, com vestidos de cocktail pretos, dá um ar desgraçado de viúvas negras ou de carpideiras. Não faz sentido que, num país cheio de sol e de luz, com um Verão tão longo e quente, as mulheres se vistam de preto com tanta frequência. O branco é tão mais leve e realça o bronzeado. E, até para as que insistem em vestir-se como viúvas, há uma boa notícia: na Índia, todas as viúvas se vestem de branco. Não há desculpas, portanto.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Lucy doesn't like it



A Room With a View, de James Ivory.


- No one will see Lucy off. She doesn't like it.




quinta-feira, 13 de junho de 2013

Verdade

Pá, a São João é a maior. Vejam a magistralidade com que ela descreve homens intelectuais:

"Virei-me então para os eruditos, os intelectuais, os artistas, gente como o alf, que sabe penetrar nos textos, enfiar a sua citação, esfregar a coltura na nossa cara, com fetiches estranhos que envolvem encadernações brochadas e fantasias no Teatro da Cornucópia. Mas é gente com muita dioptria, camisas coçadas nos punhos, gente que se esquece da banhoca e da pasta de dentes, e em que dia é que fazem anos. E alguns são gordos e carecas. E têm caspa. Sim, mesmo os que são carecas."


Além de proporcionar umas boas risadas, isto é mesmo verdade. Eu ainda acrescentaria cortes de cabelo esquisitos, unhas sujas, roupa com nódoas e, lá está, mais caspa.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Macacos de imitação

Depois descobrirem (e de nos copiarem) a dieta mediterrânica, os povos "avançados" da Europa andam agora a descobrir as maravilhas da família unida como instituição base na sociedade. E têm os impagáveis Middleton como ícone da imagem idílica da close knit family, como adoram chamar-lhes.
Ainda não chegaram às alegrias da família alargada (que inclui os padrinhos, os tios-avós, os primos em sétimo grau e a família dos cunhados), os almoços familiares onde se leva cinco horas à mesa, e os tiros de caçadeira por causa de heranças ou de dois metros quadrados de terreno, mas dêem-lhes tempo.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Lobos

Ofereceste-me o livro e só agora, tantos anos depois, uma vida inteira depois (o tempo, para nós, não existe), me interesso por ele. Sempre me compreendeste melhor do que ninguém. Muito melhor do que eu mesma. O meu profundo agradecimento - do lado de cá do mar, do lado de cá do tempo, do teu lado. A tua voz é (sempre) a minha casa.