terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Wood mood

Natalie Wood


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Volto sempre a Windy Corner

Para mim falar em Daniel Day-Lewis é falar de uma muito jovem e perfeita encarnação de Cecil Vyse. A partir daqui (e até ontem à noite), foi uma feliz sucessão de confirmações da promessa inicial.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Alarde

A vida é uma coisa fascinante, porque nunca é monótona e acaba sempre por desvelar realidades inesperadas. Por exemplo, quando vejo pessoas a fazerem muito alarde da sua felicidade, durante muito tempo e de forma sistemática, torço o nariz. Uma coisa é estar feliz, outra é a necessidade constante de exibir publicamente grandes exultações, ou de insistir em que terceiros testemunhem (permanentemente) grandes provas de sentimentos. Não raro anda ali qualquer coisa que não está bem. (E não, já nem estou a falar nos riscos de AVC desta gente que anda a rebentar de tanta felicidade). Sim, as celebridades são o exemplo mais visível (e, muitas vezes, ridículo) disso, mas é ainda mais interessante quando sucede com pessoas normais, com vidas aparentemente normais. As facetas todas da realidade acabam por vir à superfície, mais cedo ou mais tarde.  E nunca são assim tão maravilhosas, bombásticas ou feéricas como a encenação fazia parecer. Pelo contrário. Enfim, a vida é uma coisa engraçada - e as pessoas ainda o são mais.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Gente come noi

Ontem, o Google teve a amabilidade de nos recordar que era o 540º (experimentem lá dizer isto por extenso) aniversário de Nicolau Copérnico. Ora acontece que o Copérnico é das figuras históricas que eu mais gosto (é esse e o Savonarola, mas este é porque tinha um nariz engraçado). É verdade que andou para lá a copiar as teorias de uns monges, de forma rudimentar, mas teve alguma coragem ao ser um dos primeiros a defender publicamente o heliocentrismo. Numa época em que os dogmas da igreja se sobrepunham à evolução científica, isto foi um acto de muita lucidez e coragem. O Copérnico teve, por exemplo, muito mais coragem do que o Galileu, bastante tempo mais tarde. Porque, apesar de quase ter ido parar à fogueira e do lendário desabafo sussurrado eppur si muove, ou talvez por isso, é bem certo que o Galileu não teve tomates (tão gira, a gíria). E eu admiro é pessoas com coragem, que põem o dedo na ferida, que é como quem diz, que põem o sol no centro.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Pisto(la)rius

Minha gente, é o que vos digo: ser bonita não compensa. Atrai-se todo o tipo de trastes e ainda se acaba com chumbo na testa.

Não é com cantorias que a coisa lá vai

Relvas interrompido por Grândola Vila Morena
O povo é quem mais ordena. Pois. Não, amigos. Estais severamente enganados. Isso era dantes. Agora já não. Dantes, uma cantiga até podia ter muito poder simbólico e o povo também, algum poder efectivo de mudança, de reivindicação. Mas porque é que se insiste em símbolos anacrónicos, como esta canção? A crise actual não é a crise de 74. O povo actualmente não tem poder nenhum. Devia ter. Podia ter. Mas não tem. Não se pode ter poder com taxas de desemprego como as actuais, com uma precariedade e instabilidade incríveis a nível de trabalho, com a fuga de cérebros para o estrangeiro, com o sindicalismo pelas ruas da amargura, e com sobretudo com a própria falta de cidadania e de consciência cívica e política que grassam por aí. Não só o povo não tem poder nenhum, como, com cantorias, ainda se dá oportunidade ao Relvas de poder gozar com a situação (como gozou, é só ver o vídeo). O caminho para a solução não sei bem qual é, mas se calhar não passa pela estrada de Grândola.

A propósito do recente baby boom na blogosfera portuguesa

Há quem tenha uma palavra a dizer sobre isto :)




segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sou mãe

Se há coisa que me põe fora de mim, que me dá náuseas e me põe verdadeiramente doente, são as mulheres que, sendo domésticas por opção ou por falta de oportunidade ou por preguiça ou burrice, respondem "Sou mãe...!" quando lhes perguntam o que fazem profissionalmente. Sendo tiazorras benzocas ou comuns mortais anónimas, já podiam deixar de usar essa frase infeliz, que, assim de repente, parece uma justificação meio embaraçada, uma qualquer validação forçada para o facto de não estarem inseridas no mercado de trabalho.  Que assumam de uma vez por todas que não querem trabalhar, ou que não são capazes, ou que não precisam, mas deixem a condição de mãe fora dos seus argumentos justificativos. Como se as outras, as mães que querem ou têm mesmo de trabalhar, e que enfrentam a dupla jornada de trabalho toda a vida, com ou sem opção, também não fossem mães, ou fossem menos mães por isso.

Lispector Gadget (2)

Mais um gadget da Clarice, com fim prático e útil:


Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.


Clarice Lispector

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Rejubilemos


A saga continua.

Descansar primeiro, relaxar depois

Há uns tempos encontrei um diário que escrevi quando tinha cerca de dez anos. Entre muitos outros disparates, havia uma parte em que eu relatava, descrevendo um qualquer dia das minhas férias de Verão, o seguinte: "De manhã descansei e de tarde relaxei". (Via-se que era uma criança promissora.)

Oh, céus. Se já não posso voltar a ter a ociosidade dos meus dez anos, ao menos gostava de recuperar a clareza dogmática, que certamente perdi com o passar do tempo, com que distinguia a subtil diferença entre o prazer de descansar (logo de manhã) e o outro, o de relaxar (da parte da tarde).

Um achado

Victor Pecoraro

Então eu andava no mundo sem saber que isto existia, senhores.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Vícios públicos, virtudes privadas

De há umas semanas para cá, e não sem resistência antes, sou obrigada, a nível profissional, a escrever conforme o novo acordo ortográfico. Em tudo o que diz respeito à minha vida pessoal continuo a escrever à maneira antiga.

E chega de metalurgia, por hoje

Há um fenómeno chamado erosão por penetração. Parece que é um processo muito complexo.

Cotillard strikes again

E ainda dizem que a perfeição não existe.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Ricardo Ubíquo Pereira

Não simpatizo com o Ricardo Pereira. Enfim, não simpatizo com a figura pública que ele representa, como algumas vezes nos acontece (Bom, no meu caso, até são muitas vezes. Também embirro diabolicamente com o Manzarra, e com aquela coisinha pequenita chamada Carolina Patrocínio, e com a outra, a Vanessa Oliveira, então, é uma coisa visceral). Mas há algo que me intriga no Ricardo Pereira. É que o Ricardo Pereira está em todo o lado. Literalmente em todo o lado. O homem é entrevistado na RTP, o homem está na Globo, o homem aparece na SIC, o homem entra em todas as telenovelas, o homem faz peças de teatro, o homem está em Portugal, o homem está no Brasil, temo bem que o homem possa estar na parafarmácia do Continente enquanto eu compro os meus cremes. Esta criatura tem o que até agora era prerrogativa divina, o homem tem o dom da ubiquidade.

Hasta la victoria, (para) siempre

Este senhor vai durar para sempre? Pois, este senhor vai durar para sempre.

Chateia-me gente que se eterniza. Que ambiciona interferências teleológicas, ainda por cima. Que falta de chá.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Simplex, Save Our Souls

Há um improvável denominador comum entre os sites de compras portugueses e as embalagens de produtos alimentares (também adoravelmente) portugueses: são ambos regidos por forças maquiavélicas. Forças que nunca me deixam utilizá-los de forma rápida.

Para mim, sites e embalagens portugueses são sempre duas situações desnecessariamente complicadas, inexplicavelmente pouco funcionais. Não há uma vez que eu consiga, à primeira e com ligeireza, efectuar a compra de um livro num site português ou abrir uma lata de grão do Pingo Doce, sem que haja sofrimento, sangue ou destroços.

Gostava muito de assumir que isto é problema meu, mas não posso, porque em sites estrangeiros tudo me funciona como no paraíso, só faltam os cânticos angelicais. Com as embalagens, idem. Tenho experiências muitíssimo felizes com embalagens de queijo grego, por exemplo (que, enfim, não será bem helénico mas sim produzido na Dinamarca, e que, aleluia para pessoas com mãos pouco hábeis, tem um esquema de abertura abençoadamente nórdico e infalível).

Posto isto, está claro que preciso de um Simplex aplicado à minha vida enquanto consumidora em Portugal. Porque, claramente, não é só nos meandros labirínticos da administração pública que os portugueses gostam de complicar.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Caleidoscópio

Abbie Cornish como "Fanny Brawne", em Bright Star, de Jane Campion (2009)