sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Doze badaladas

Às doze, mas não como a Cinderella - precisamente no sentido inverso, é como se deseja.
Casa arrumada e limpa, carro aspirado e expurgado de impurezas várias, papelada inútil deitada fora, à fúria de limpeza de final de ano não escapou nada. Nem esta cabecinha linda, que ficou sobretudo arejada de ideias e (desejavelmente) mais leve.
Let me in...!
Tantas vezes que nos enganamos. A realização pessoal trocada pelo conforto material. O pragmatismo sórdido que substitui ou destrói sonhos, vocações, caminhos alternativos. A voz interior constantemente abafada pelo ruído do que pode ser comprado. O aperfeiçoamento pessoal que dá lugar ao vazio e ao desnorte.
A alma que vamos vendendo aos poucos, como Fausto. Por um punhado de tostões.
Tantas vezes que nos enganamos. E sabemos.

A caça de amor é de altanaria*

Temos, pois, a permissa de que a fealdade é poderoso e fidedigno filtro naquela caça tão especial. Sabendo que o homens são, por regra, criaturinhas sensoriais, institivas, baseadas nas pulsões imediatas, a ausência de harmonia física ou não cumprimento dos cânones vigentes que os olhos e o tacto alcancem, conduz, então, ao desinteresse, e vice-versa. Temos, assim, que uma feia amada ou objecto de paixão será a mais feliz das mulheres, pois que o sujeito activo de tal acto mais não poderá nela ver senão o que os cinco sentidos não alcançam - prova de verdadeiro sentimento. Às outras, resta o tragicómico condão de atraírem tudo quanto é portador de cromossoma y, tendo em consideração que os que realmente interessam são apenas 0,000000023% (como dizia o outro), e os restantes, são os restantes.


*lá dizia Gil Vicente, pelo menos na epígrafe de "Crónica de uma morte anunciada" de G. G. Marquez (não confundir com Gael Garcia Bernal, s.f.f.)

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006


Ikea boy, Ikea boy...

Quando não se dorme nada, corre-se sempre o risco ser criado um pequeno Tyler Durden como alter ego.

(Aquele final explosivo.)

Polarizações

Ao re(ver) Lost In Translation, retenho agora duas coisas: uma é a estranha identificação que sinto com as insónias dos protagonistas.
A outra (ainda que bem menos preocupante que a privação do meu sono da beleza), também terá alguma (pouquinha) pertinência.
É a de que são cada vez mais raras cenas como a que protagoniza a Kelly [Anna Faris], uma loira totalmente ôca (contrastando com a reflexiva e culta Charlotte [Scarlett Johanson], a recém-licenciada em Filosofia por Yale).
De facto, o nosso amigo Karl Marx, enganou-se e bem, quando falou da polarização de classes sociais como um marco de ruptura nas sociedades capitalistas.
A verdade é que cada vez menos se vê gajas boazonas mas burras.
É chato, mas a polarização agora é outra: cada vez mais gajas boas e inteligentes e cada vez mais homens burros e feios.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Take my breath away

A paixão. Pois, não é essa do Rui Veloso, a quem eu, aliás, recomendaria deixar de escrever e compôr música antes de começar a ingerir alcool. Ou melhor, a quem eu aconselharia a deixar de fazer música, de todo.
A paixão, mas é a aquela outra. A tal.
Chega-se à conclusão que só nos dá dores de cabeça. Uma pessoa fica alienada do Mundo, pouco lhe importando se houve um golpe de estado numa qualquer república centro-africana ou se houve novas plataformas de diálogo no conflito israelo-palestiniano. Ou mesmo se se almoçou hoje ou não. Só se olha infatigavelmente para o telemóvel, esse instrumento tecnológico capaz de nos fazer a pessoa mais miserável do mundo se não dá sinal de vida, ou estupidamente sobressaltada ao mínimo toque - mas afinal era só para assinalar falta de bateria. Esquecemo-nos das chaves dentro de casa; deixamos o carro ir abaixo na fila do trânsito, mas sorrimos imbecilmente para o condutor que nos insulta só porque nos lembrámos de uma frase ou de um certo sorrisinho. Anda-se num estado de euforia insuportável para quem está à nossa volta, e rimo-nos de um e-mail que o objecto dessa coisa da paixão nos envia, enquanto os colegas falam do funeral de não sei quem. Perde-se o apetite - e, para cúmulo, chega-se a cair na cama com febre. Do sono nem se fala, que Morfeu está de costas voltadas para nós, quando preferimos olhar as estrelas recordando o som de uma voz. Não se trabalha nem se estuda decentemente, anda-se angustiado, ou desvairado, sem meio termo, como numa revisitação da adolescência, mas sem acne na cara (nunca mais!!) e sem Sonic Youth no I-pod. O coração anda-nos na boca, enquanto a boca não está junto a outra, e sofre sobressaltos sem fim. A conta do telefone sobe para valores astronómicos, tal qual o ritmo cardíaco na iminência de um possível encontro.
Em suma, uma maçada pouco saudável, pouco económica e eu diria que pouco higiénica, até.

Opções estético-filosóficas de uma brunette convicta


Este foi o ano da (minha) adopção definitiva deste estilo puro.

Não era o meu estimado Soren Kierkegaard que, no seu existencialismo solipcista, dizia que o Estágio Estético era o primeiro e o mais básico da existência, marcado pelo "desejo" como móbil de actuação e de pensamento, e o qual não nos levava a nenhum nível de realização pessoal? E que o ser humano só se superaria e redimiria após passar pelo Estágio Ético, atingindo por fim, e só com muita abnegação, o Estágio Religioso, onde reside a solução existencial?...
Era, pois.
Mas, certamente, Kierkegaard nunca teve umas calças brancas básicas para conjugar com um top de cortar a respiração.

"He sees you when you're sleeping... He knows when you're awake..."

O Natal passava-lhe ao lado.
Tal como a vida, uma vez ou outra.

Wo ai ni


Podia ter-me dado para as drogas, mas deu-me para o cinema asiático de qualidade discutível - e, vai daí, talvez não.

2006 - Best of

Marx tinha razão nalgumas coisas.
Nietzsche tinha razão em muitas coisas.
Darwin tinha razão em tudo.

Freud não tinha razão em quase nada. (acrescento eu)


PS: Le Nouvel Observateur, o souvenir dos Champs Elysées de Outubro.

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

2006 - Best of


Foi o ano da queda dos estereótipos e também, definitivamente, de alguns mitos.

2006 - Best of


Foi o ano do concerto no Pavilhão Atlântico. Left me quite speechless. And yet, I couldn't stop talking about it.

2006 - Best of










A ver passar navios, num dolce fare niente à beira do Golfo do México.

2006 - Best of



Madame Récamier, Jean-Louis David (1800)

Louvre, Paris

Gosto desta evocação de neo-classicismo, da encenação do estilo greco-romano. Um cenário singelo a sublinhar a elegância inexcedível de Madame Récamier (que imortalizou a designação das cadeiras homónimas), muito avant-garde para a época (uns dez anos antes).
Muitos preciosos minutos de Louvre lhe consagrei, sentada absorta em frente a este Jean-Louis David, de 1800. Agora também disponível em wall paper de portátil pessoal.

Hi, I'm Jack Black


Porque há um fraquinho pelos gordinhos-engraçadinhos*, que será de bom-tom confessar aqui.
* nova categoria estética, que já faz furor na Europa e em Kinshasa, e assim.
Entrava, e os olhares seguiam-na, sequiosos da harmonia dos traços, do equilíbrio esguio da silhueta. Desejavam-na; sabia-o, sentia-o. Havia quem lhe quisesse lançar pontes, mas, emparedada no seu silêncio e na sua solidão, erguia muros intransponíveis. Havia quem se aproximasse, na confusão de brilho e barulho. Era mais forte que o seu ser: não conseguia evitar ser má. Pelas dores antigas e as futuras, por uma dor estrutural, um trend, não um mero somatório de conjunturas. Aplicava-lhes, a eles, uma espécie de castigozinho, com pendor pedagógico. Um desdém, a roçar a misantropia. Uma triste misantropia.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Agenda 2007: cinema

Muito curiosa sobre o filme, e de acordo com:

"Apocalypto", a nova experiência de Mel Gibson. Falado em dialecto Maia. Segundo parece, o filme retrata a conquista de uma tribo por uma outra tribo mais agressiva, dentro da antiga civilização Maia. Obviamente, já há activistas da América Latina a contestar o filme, dizendo que oferece uma visão "racista" sobre o Império Maia. Claro. A maldade, a violência só chegaram com o Homem Branco, a rameira que é a culpada por todo o mal do mundo. Que jeito dá. Antes da chegada dos galeões espanhóis, a América Latina era um paraíso sem violência, pois claro. A culpa é toda nossa. Proíba-se já o filme. Um filme que mostra que, afinal de contas, a maldade, a violência, a gula de Poder não são património exclusivo do branquela vanilla motherfucker não pode chegar às massas.
Um espectáculo pequeno, mas de beleza arrepiante, a que assisti em Junho em terras mexicanas, justamente sobre a cultura Maia:

Foi você que pediu




















um Rodrigo Santoro?

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Girls' night out

Provavelmente, a ideia não é original, mas a sensação que trago para casa, depois de uma noite com mais três amigas (com as inevitáveis conversas e risos à O Sexo e a Cidade e de volta de 4 copos de martini shaken not stirred, à bondgirls) é a do casamento ser o conto de fadas invertido:
- em vez de as mulheres serem primeiro gatas borralheiras e, no fim, se tornarem princesas, com os homens de hoje em dia primeiro sentem-se princesas e, com o desgaste das relações, tornam-se umas irremediáveis gatas borralheiras (a.k.a. gajas mães de família com algum peso a mais, com decrescente cuidado na maquilhagem e pouco esmero na roupa, intelectualmente embrutecidas e algo alienadas).

Valha-nos o facto de ainda sermos solteiras (por convicção). E giras, que é o mais importante.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Por SMS's


-So, darling, did you like Daniel Craig, the blond Bond? Did you really…?
-Obviously not!! You simply can’t find any gentleman temper in this man… On the other hand, muscles and an obvious nitwit look are hard to miss…

Frivolidades

Entrar numa loja do tipo Oysho, esse maravilhoso sub-produto do capitalismo comercial e do franchising em versão “cosy/homie”, é como entrar num mundo à parte. Como deixar para trás um centro comercial infernal e ruidoso e entrar num mosteiro zen, ou coisa parecida. (Só que em vez do despojamento material e da exacerbação espiritual…temos soutiens e gloss prontos a entrar em deliciosos saquinhos de plástico brancos, depois do dinheiro sair da carteira). Tudo ali está pensado ao pormenor para nos fazer sentir bem (e consumistas) e de uma forma irresistivelmente feminina. O raio das lojas têm um ambiente tão calmo, agradável e luminoso, a que se acrescenta sempre uma banda sonora chill out e afins, que só me apetece ficar ali, indefinidamente. Ou desejar com urgência estar em casa, gozar dos prazeres do conforto do lar – de preferência com aquela lingerie, ou aquelas sabrinas, ou aquele top, ou aquela bolsa que eles lá têm, claro.

Shop around the clock

À saída, levava sacos cheios de compras, e o coração vazio, cheio de nada.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

No outro lado do mundo

A propósito da Miss Pearls que não gostou nada de Hong Kong, um teste a mim mesma (afinal, já se passaram 12 anos (!))


Lembro-me:
1- do ar carregadíssimo de humidade e calor sufocante, logo à saída do avião, que nos envolveram como uma película quente e húmida, omnipresente
2- dos flamingos do parque em frente ao hotel, um oásis de verde e de paz, no meio de uma selva de néon e gente, tanta gente, apressada
3- da miríade de lojinhas labirínticas e apertadas, onde negociávamos até à exaustão a compra de artigos de tecnologia oriental (perdi o meu walkman que trouxe de lá, numa infindável viagem de expresso…)
4-do Mount Victoria, envolto em neblina, e uns repuxos intermitentes de água lá em cima, e o perfil da cabeça de um cavalo, em relva, na parte lateral de uma encosta
5- do número 8, na matrícula dos carros dos milionários lá do burgo
6- à entrada do mercado, uma profusão de cheiros e cores diferentes
7- dos arranha céus e as luzes e o néon, ao cair da noite
8- das casas flutuantes de Aberdeen (e o restaurante Jumbo – dim sum, que não cheguei a provar)
9- do incomensurável jet lag, dos piores que alguma vez tive
10- de sentir-me nas alturas, na janela do hotel, olhando para uma floresta de betão, a paisagem mais distante do meu mundo que alguma vez tinha admirado (uma sensação que só tomou corpo quando vi os planos cinematográficos de Tóquio, pela mão de Sofia Coppola, em Lost in Translation)

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

A cor da vida

Quem disse que em 1907 não havia já fotografia a cor?

Membros da família Lumiére, muito imortalizada graças ao autochrôme dos irmãos Lumiére.
Assim, sim, as pessoas parece que viveram, amaram, sofreram, riram, choraram, e não estão somente cristalizadas na aura solene do p/b.

domingo, 10 de dezembro de 2006

"Eu hoje

acordei assim…"

Na minha humilde opinião, dois breves pontos de análise:

- uma pueril mimetização (em forma de post elegante e "imagem de marca") daquilo que não se é mas se almejava ser, a fazer lembrar o recurso ao indispensável pretérito imperfeito nas brincadeiras de meninas: “Agora eu era a princesa Diana… agora eu era a Madonna…”;
- um recurso subtil e algo ingénuo a fotos femininas de grande beleza, em jeito ambivalente de emulação e adorno de blogue, fazendo (já agora) o gostinho a audiências masculinas.

Resumo/Resumé/Abstract: Infantilidade e Mau Gosto

Toponímia

Toda a gente pensava que o nome se tratava do rótulo sociológico que a classe-média dos finais dos anos setenta, início de oitenta, imprimira à sua nova geração.
Não passava pela cabeça de ninguém que fosse, simplesmente, resultado de uma escolha literária: a homenagem à co-protagonista de "Guerra e Paz" de Tolstoi.

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Localismos sazonais

- Acho que gosto mais deste lugar no Verão.
- Eu gosto mais no Inverno, está mais cheio, não está toda a gente de férias, dispersa.
(pausa)
- Então, sou eu que gosto mais de mim no Verão.

Adolescentes somos nós

No consultório do Dr. Amaral está um livro com este título. Creio que é do Eduardo de Sá.
E de facto. Todos os intervalos, entre fases, que atravessamos, são dolorosos. Pensamos que é apenas na puberdade que enfrentamos a maior cisão entre aquilo que seremos e aquilo que estamos a deixar de ser. Mas não é. Em todas as épocas temos dores de crescimento. Inevitáveis, como o próprio passar do tempo sobre nós. Depois do excesso de acne na cara e da centralidade das marcas da roupa no nosso universo minúsculo, e ainda da identidade que não sobrevive fora do grupelho, há sempre outras adolescências. Sair de casa para ir estudar longe. Novas pessoas a surgir no horizonte. Frustrações e pequenas vitórias. O primeiro namoro que acaba. A dura “recruta” do primeiro emprego. Amizades que se vão disseminando por bifurcações de caminhos. O tempo que deixamos de ter para nós, perdido, algures, entre um autocarro e uma repartição qualquer. O casamento, e a ilusão do “para sempre”. A rotina que se instala e o “afinal, somos iguaizinhos aos nossos pais”. Os erros que se cometem. O acabar deste ou daquele sonho. A realização de outro, muito antigo, que afinal não nos deixa assim tão diferentes daquilo que éramos um dia antes. As pequenas partículas de felicidade que tentamos, insistentemente, forjar, no meio de tudo.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Altman (extemporâneo)














Kristin Scott-Thomas em Gosford Park (ou Upstairs Downstairs) de Robert Altman (2001).

Remains of the day

terça-feira, 28 de novembro de 2006

Este também quero ver se vejo
















Estreia no próximo ano, "The other Boleyn girl", com o bonzão do Eric Bana (no papel do poeta e sanguinário Henrique VIII), Natalie Portman e Scarlett Johanson (duas irmãs a disputarem o real coração).

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

A metamorfose

Não a de Kafka - deixai-o sossegado na tumba - mas a de Zozô.
Podia dar um verdadeiro ensaio em psicologia a forma como alguém rebelde, arisca e impetuosa, dá lugar, durante coisa de uma hora, a uma criatura doce, empática, serena, um verdadeiro receptáculo equânime de informação, opiniões, subjectividades, emoções (ma non troppo), quando estou perante um(a) dos(as) meus/minhas entrevistados(as).
Ah, ciência a quanto obrigas.

A pão e água

Há vários anos - não sei quantos - que não como o verdadeiro pão: o pão alentejano.
Por outro lado, a Szentkërali (Rei Santo, em húngaro) é uma água que se está a impôr no mercado, mas que nunca provei.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Current obsession>>

Fresh Fruits, do nipónico Shoichi Aoki, e os inenarráveis jovens de Harajuko.

This Fall...



...o livro que eu estava a dever a mim mesma.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Impressões: Budapeste

Entre o classicismo imperial de Viena e a harmonia musical de Praga, nunca ninguém lhe faz justiça. Budapeste surge distante, inacessível, misteriosa. Qualquer comparação é injusta. Budapeste deve ser vista só por si.
Quando lá fui, gostei da cidade mas não sabia bem definir o que nela senti.

Entre os boulevards novecentistas a lembrar Paris, os antigos cafés, que agora são revitalizados após décadas a serem "condenados" ao anátema de "burgueses", a magnificência do Parlamento, os monolíticos edifícios do tempo do socialismo e da ocupação soviética, e os românticos cruzeiros no Danúbio (que não é só o azul vienense: não, não é), fica-se um pouco baralhado, sem saber o que dizer desta cidade que foge, deliberadamente, a qualquer descrição banal de uma qualquer capital europeia. Tanto que, só alguns anos mais tarde, os meus sentimentos tomaram expressão nas palavras certeiras do Gonçalo Cadilhe, que lhe captou a alma tão bem.

Porque Budapeste é, antes de mais, uma cidade cheia de alma. Por detrás da sua austeridade hermética, há que, delicadamente, lhe ir descobrindo os segredos e o encanto, a sua história milenar (literalmente: a Hungria tem cerca de 1100 ou 1200 anos, de refractária persistência, de refractário orgulho magiar) e uma resistência soberana que aguentou turcos, o império austro-húngaro, os alemães, os sovietes, e deixou intacto o património linguístico, igualmente misterioso (de onde vem a impenetrável língua húngara?), igualmente único no Mundo. Só um país digno, com uma digna capital, tem um monumento erguido na Hösök Tere (Praça dos Heróis) dedicado às suas províncias perdidas no decurso da Segunda Grande Guerra (como é o caso da Transilvânia, perdida para a brumosa Roménia). Foi a frase que eu ouvi de alguém, quando estive nessa praça imponente.
Para não falar na esperiência espiritual de entrar pela primeira vez numa sinagoga, e, na penumbra, dar largas ao espanto, descobrindo formas e cores e estilos desconhecidos - por sinal, a maior do mundo, a seguir à de Nova Iorque.
E acessível, lá, só mesmo a extrema simpatia e humildade, irresistíveis e cativantes, dos húngaros.
E mesmo assim permanecer bela e inacessível, como quando se olha, do lado de Buda - a partir do Bastião dos Pescadores - para o lado de Peste, por sobre o rio escuro e solene, numa tarde de início de Outono.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Herbie Hancock

Como de jazz não percebo grande coisa que valha a pena escrever - só sei que gosto - subscrevo tudo, acrescentando que o meu hic et nunc foi anteontem, na Casa da Música.
Destaco o solo de Lionel Lueke, não pelo mom's single name Monteiro, mas mais por me ter transportado para as longínquas paragens do Benim.

Mrs. Robinson

O jovem estudante de Medicina do apartamento ao lado multiplica-se em pequenos cavalheirismos de trazer por casa, e em oportunidades para meter conversa.

Da cozinha minimalista aos pequenos prazeres urbanos

Com o serão já avançado, a "essa hora dos mágicos cansaços", salada de fusilli, cubos de beterraba, tomate cerise e queijo fresco, orégãos e um fio dourado de azeite.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Lus Ojus


A Noiva Judia, Rembrandt, 1665, Rijksmuseum, Amesterdão
Kontami la kunseja
ki si camina in tus ojus
kuando lus avris
la manyana
kuando il sol
entra su aguda di luz
in tus suenyus.

Clarisse Níkoisdki

Da série de poemas em judeu-espanhol "Lus Ojus, Las Manus, La Boca".

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

O que o Inverno tem de bom

efectivamente bom, mas bom mesmo, é o facto de uma gaja poder finalmente andar na rua, escudada por cachecóis e sobretudos, sem ouvir bocas foleiras, piropos de mau gosto, assobios de variada espécie, sem ser seguida por olhares famélicos e expressões rastejantes, sem se embaraçar perante o espectáculo de travagens aparatosas quando se abeira de uma passadeira na estrada.
Até Maio.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Sirmione


é a cidadezinha mais encantadora e cosy (esse indefinível e musical adjectivo que agora está na moda) que visitei até hoje. Uma pequena península nas margens do Lago di Garda, afagada pelos Alpes, atrás, protegida dos séculos por um Forte, e iluminada pelo sol e vitalidade italianos. Tudo, lá, é fascinante, desde os cisnes no Lago, aos saborosos gelados à maneira tradicional, às ruazinhas impecáveis, em que as casas têm floreiras nas janelas (um apontamento cromático e alegre que não é mais do que um pleonasmo à graça e modo italianos, ainda que do Norte). Se eu fosse a Maria Callas, também tinha construído lá uma casa. Ah, e também fazia uma rinoplastia.


(Pena em 99 não ter máquina digital.)

sexta-feira, 10 de novembro de 2006

Numa entrevista do seu programa televisivo da noite, Jay Leno (o anfitrião) não sabe o que são Playmobil. Calista Flockhart (a entrevistada), por sua vez, não sabe o que são Legos. O universo lúdico pode dizer muito sobre uma pessoa. E, às vezes, sobre uma nação. Até.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Laboratório social (Versão trópicos)















La Havana, Fev. 2003

Vinicius


Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar

Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.

Pela luz dos olhos teus, Vinicius de Moraes


(A música, e o filme/documentário.)

No laboratório

Para um cientista social, o laboratório é o nosso espaço do dia a dia. Um espaço social. A praça. A fábrica. A Assembleia. A casa. A rua. O escritório. Há quem tenha como objecto de estudo seres apenas visíveis ao microscópio. Amebas, protozoários. E há quem tenha como objecto seres como nós. Onde todo o cuidado é pouco. Onde há empatias, thin red lines, situações delicadas a gerir. Em laboratório.

Manuale d'amore


de Giovanni Veronesi (2005)

Num impulso, ver este delicioso filme italiano sobre (what else?) o amor. O amor, as relações, as pessoas, os homens, as mulheres. E, mais do que o interesse que as quatro histórias que se entrecruzam despertam, mais ainda do que a própria natureza circular da história (tão circular como o próprio ciclo do amor que nos é proposto: Paixão/ Crise/ Traição /Abandono), mais do que tudo isto, o que me fez bem foi rever Roma.
Não só na Piazza Navona, nem nas charmosas ruas arborizadas que lembram Villa Borguese, mas sobretudo na língua italiana, cantada, na graça e expressividade e encanto das pessoas. Roma. E o Mauro, a Sara de Milão, o Michele de Siena, a Lorena, a Giovanna (de onde, mesmo?). A falta que me faz ouvir e rir-me com expressões como fidanzata, cazzo e che schifo!.

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Italiano vero

Num acolhedor restaurante italiano na Rue de Saint-Martin, encontrado após aturadas buscas, Gianfranco apresenta-se como siciliano de gema, desfaz-se em amabilidades, e, enquanto me explica as especialidades com que me irei deliciar ao jantar, pergunta-me se sou signorina ou signora. Visivelmente satisfeito com a resposta, prossegue, teatralmente, com um beija-mão, e não se cansa de elogiar a gastronomia e paisagens portuguesas, num honroso segundo lugar na sua lista de preferências, logo a seguir às suas bens-amadas congéneres sicilianas, desvalorizando, de raspão, items referentes a paragens mais setentrionais do seu país. Já depois da sobremesa, enquanto beberico o licor de lemongello - outro néctar da ilha, e nova atenção do chef - não deixo de reparar que as gregas - mãe e filha - da mesa em frente, chegaram ao mesmo tempo que eu, lamentavelmente não foram brindadas com os mesmos mimos. À saída registo, sem supresa, que a clientela (nessa noite, pelo menos) é exclusivamente feminina.

Lirismo narrativo


Silêncios
O Novo Mundo
eloquentemente arquitectados. Diálogos, poucos - os suficientes para darem expressividade a um encontro (confronto) cultural, civilizacional, de dois mundos que não souberam nunca dialogar. História de amor, ok. Há quem diga demasiado parado. Seca. Eu digo apenas que se trata de um filme razoável-bom, que foge q.b. à fórmula americanada. Fotografia inexcedível, de cortar a respiração.

(Collin Farrell e Cristian Bale a disputarem ferozmente pelo primeiro lugar na minha lista de homens sexys.)

Líquidos dias de Amesterdão

A clássica Amesterdão é esta, dos canais e dos edifícios centenários assentes em estacas.
Uma cidade despretensiosa, pragmática, com vitalidade e tolerância, conquistada, paciente e racionalmente, à água, esse elemento omnipresente - com o mais pragmático espírito da ética protestante, que permitiu o áureo esplendor naval seiscentista e a fuga de cérebros de Portugal (e não só) para lá (da qual a sinagoga israelo-portuguesa é comovente testemunho, em terras onde a fonética nos é tão estranha).

Depois, há a outra Amesterdão. Onde as pessoas são descontraídas e até afáveis. Onde os jovens fazem festas ao fim da tarde, reunindo-se no barco de alguém, ancorado num dos canais, com comida, bebida e música. Onde se fuma um charro, mas também se bebe uma Coca-cola, como nesta coffee-shop aqui ao lado, que ficou a ser a minha preferida. Hunters Bar, na Warmoesstraaat, no Centro da cidade, pertinho do Red Light. Eu recomendo.

sexta-feira, 3 de novembro de 2006

"Frenchie" (parte III)

Atente-se na profusão de diminutivos utilizada para caracterizar (e muito bem) as frances(inh)as mignones.

Já os homens, pela amostra parisiense a que tive direito, só me recordam uma palavra: insipidez. E um je-ne-sais-quois que evoca diminutivos... de outra ordem.

"Frenchie" (parte II)

Também disponível aqui e aqui, que a expressividade de um estilo encontra, de facto, o seu expoente máximo no feminino. Seja em que latitude for.

45 anos de "Boneca de Luxo"




















O estilo "frenchie" da bel(g)a Audrey Hepburn está de volta, com muita sabrina e glamour fifties/sixties.

terça-feira, 31 de outubro de 2006

(Recomeço)

Ou: apenas as coisas de que mais gosto.
Os livros, a música, a chuva a bater na janela, as viagens, o cinema, os amigos, os sorrisos, a fotografia, os afectos, a tranquilidade, os sonhos, as frivolidades, os pensamentos e os aforismos, as árvores, o silêncio, e a minha cidade do amor.
É o único compromisso que faço.

Filosofia (2)












Before Sunrise, de Richard Linklater (1995)

"Toda esta conversão das minhas intenções idealistas em formas pragmáticas de fazer dinheiro."

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

SIM

É minha resposta (sempre será) ao estúpido referendo que, à semelhança de 1998, vai permitir que se protelem mais situações inaceitáveis para um país europeu, como mulheres que morrem por fazerem abortos ou que são levadas até à barra do tribunal por não quererem trazer ao mundo mais uma crinaça, pelos mais variados motivos.

Como sempre, quando nos outros países as questões já são outras, nós ainda nos damos ao luxo de ignorar realidades, discutir uma suposta "ética", dar largas à hipocrisia de gente que se redime de tanto, escudando-se numa bandeira de suposta valorização pela vida.

Eu também sou pela vida. E é por ser tão pela vida, que não queria ver situações como a da foto repetirem-se. Se um ser humano não é bem vindo à partida, por razões económicas, familiares, emocionais, não deve vir. Ninguém pede para nascer. Também ninguém deve ser gerado para sofrer.

As campanhas do Não são pródigas em fotos de criancinhas rechochudas, bebés bonitos e felizes, supostamente para apelar à nossa consciência. Até nessa intenção são hipócritas, pois ignoram convenientemente os milhares de crianças que nascem para nunca serem felizes, para nunca sequer terem uma oportunidade para tal. Vale a pena nascer para isso?

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Biblical hair

Como Sansão.
Sem cabelo* perco a força.



(* no comprimento, penteado e tonalidade exactos)

Hair tragedy

135 € para um erro.
160 € para reparar o erro.
Quatro horas e três pares de mãos depois.

Hair stylism

Ou: Um eufemismo para as minhas desventuras no cabeleireiro.

E também é bom ter amigos assim:

- Se eu tiver filhos, não me levem à maternidade prendas para a criança. Ofereçam-me antes lingerie de padrão tigresse.

Citoyen du monde, chez-elle

Carla é minha amiga. Carla foi a Edimburgo este Verão onde conheceu e se tornou amiga de Santiago, jovem uruguaio que tirou um ano para viajar pelo mundo. Depois de uma semana encantadora em Portugal, Santiago já tem dez países no seu périplo curricular, e parte agora para Tóquio. Esta é uma história verídica, com nomes ficcionados.
E a vida, com gente assim, tem outro sabor.

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Eterno retorno

Anteontem tive, pela primeira vez, um recém-nascido nos braços.

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Ahhhhh...saudade.

Fui para Coimbra na expectativa de me embrenhar num fantástico mundo cheio de mística.

Assim começa o blogue de 6 magníficos que eu conheço. Que (me) fazem o favor de recordar e escrever histórias que viveram, de resgatar ao esquecimento vivências que não foram importantes para mais ninguém, senão para quem as teve, num momento qualquer daquela década e meia. Ou para quem, como eu, ainda respirou um pouco da atmosfera daqueles tempos quando apenas caloira, apesar do período áureo já estar a acabar quando tive o privilégio de os conhecer a quase todos, e de me tornar amiga de alguns.

São tempos que marcam e deixam uma saudade pungente. E é impossível a leitura destes relatos não deixar um vago, doce, desalento: não só por saber que tudo acabou, mas também porque aquela forma de vida não vingou no seu propósito de continuidade, não funcionou como um legado para as gerações seguintes (ao contrário do que eu pensava). O que torna tudo mais especial e nostálgico. Durante um curto período, houve um grupo de rapazes que tentou e conseguiu recuperar, viver e praticar a Praxe Coimbrã na única forma em que ela existe: de forma genuína. Contagiaram, com a sua graça, modus vivendi e histórias mirabolantes, quem foi seu contemporâneo.

(...)No ano de 1990 efectuei a minha primeira matrícula na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) e verifiquei que essa Faculdade vivia simplesmente sem saber o que era a Praxe Académica de Coimbra. (...) Encontrei uma Praxe codificada – em algum momento do primeiro trimestre de aulas já conhecia melhor o Código da Praxe do que todos os meus amigos de anos anteriores ao meu – que determinava deveres e obrigações e uma conduta de respeito mútuo entre todos os estudantes – incluindo os caloiros. Mas ao mesmo tempo encontrei a dura realidade em que poucos eram os que conheciam essa Praxe da qual eu gostava e em que os que a praticavam esporadicamente – e provavelmente por causa disso – praticavam-na de forma abastardada.

Edgar Dégas

Sempre, sempre, sempre.
Petite danceuse à 14 ans, 1880

(Ali, à minha frente, silenciosa e majestática. O tule da saia já manchado pelo corpete.)

Verdade de La Palisse

Monsieur de La Palisse est mort.
Il est mort devant Paris.
Un quart d'heure avant sa mort,
Il a eté avec sa vie.

(saudades das tuas lições, P., quando tudo era simples, e a vida se resumia ao bibe do colégio e ao pão com manteiga ao lanche.)

O meu sonho kitsch n.º 2

Sala sóbria, linhas direitas, tons branco e preto.
E uma chaise longue (Madame Récamier) vermelha barroca.

O meu sonho kitsch n.º 3

Calções de ganga, sapato aberto verde-escuro e meias de tom verde-escuro.

(Não. Espera, esse já é realidade.)

O meu sonho kitsch n.º 1

Eu queria ter uma marquise.
(A sério.)

Do tempo. (quando somos felizes)

Como areia a correr por entre os dedos.

Geografia emocional

E a meta que era Londres.
but they took a little turn for everybody’s satisfaction…
Coube-nos Paris. Foi nossa, por uns tempos.
tout va bien, c’est super. Allons enfants de la patrie...
Jogamos assim os dados e tratamos por tu os atalhos das capitais europeias, como se de uma brincadeira de crianças se tratasse.

Das propriedades terapêuticas de uma viagem

Uma forma de oxigenação.
(cf. respirar é uma fonte de obtenção de energia)

Uma libertação espiritual.

Um fait-divers.

E, de repente, Olympia.

Énnuie.

(Heterónimos de Pessoa percorrendo-nos o pensamento durante a vacuidade de um desfile de moda internacional.)

Et si tu n'éxistais pas,

dit-moi pourquoi j'existerai?

Ne me quitte pas

Ne me quitte pas. Il faut oublier. Tout peut s'oublier. Qui s'enfuit déjà. Oublier le temps. Des malentendus. Et le temps perdu...
(Surpreende-se um instante carinhoso - Musée d'Orsay)

A cidade do amor

Recém-chegada da velha cidade, ainda com a pele impregnada da sua elegância displicente, da sua doce decadência adiada.

Ironias, em Paris:
- estar na que é a "cidade do Amor" para muitos, e ser a mais céptica sobre o amor;
- ficar estarrecida perante Psyché reanimada pelo beijo do Amor, essa sublime libertação da forma aprisionada na pedra de Canova. Enlevada pela anatomia dos afectos, pela harmonia pulcra deste enlace:

terça-feira, 23 de maio de 2006

Serão pequeno-burguês

sábado-sofá-plaid-escocês-dvd-comédia-romântica-americana-pipoca

sexta-feira, 28 de abril de 2006

Meninas Exemplares (IV)

Não dão pontuação aos rabos masculinos transeuntes.

Meninas Exemplares (III)

Não fazem picanço na auto-estrada com rapazes giros em carros bons.

Meninas Exemplares (II)

Não andam de carro à noite dirigindo aos rapazes vulgaridades como a) És todo grosso; b) Granda rabo; c) Comia-te todo.

Meninas Exemplares (I)

Recuperando o clássico da Condessa de Ségur.

terça-feira, 25 de abril de 2006

"Faço-te a folha."

[É uma expressão gira.]

terça-feira, 11 de abril de 2006

Uma décima

Eleições em Itália:
Por uma décima se perde, por uma décima se ganha.
Fim do reinado de direita de Berlusconi e das palhaçadas todas.
Que venha Prodi, e mostre alguma mudança.

Se.

Se levará aos lábios, neste momento, a chávena da primeira bica do dia. Se acenderá um cigarro, à janela, numa noite mais quente. E se, nessa noite, se deterá a olhar para a Lua, ou apenas para o trânsito nocturno. Se correrá, escada acima, com o coração a bater de excitação, em direcção a uma porta que se abre. Se alguma vez ouviu falar de Werther ou qualquer outro romantismo exacerbado de Goethe, ou se folheia distraidamente o Blitz na esplanada. Se se molhou no último dia de chuva, se formulará estas mesmas perguntas ou se apenas faz zapping no intervalo do jogo.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Da fealdade categorizável

- Eh pá, era feia.

- Mas feia, como?

- Sei lá. Feia.

- Mas feia como a Teresa Guilherme, como a Odete Santos ou como Manuela Ferreira Leite?

Da série palavras indecifráveis:

Grená.

Provérbio da Feira das Vaidades

Pior que um homem feio, só mesmo um presunçoso.

Sei o que fiz(este) no Verão passado

Confiança II

Há pessoas que não inspiram nenhuma.
Há pessoas que a transpiram por todos os poros.

Confiança I

Não é uma questão cega de ter ou não ter.
Nunca foi.

"Souvenir"

dos Orchestral Manoeuvres in the Dark.
Se há música que eu gosto.
E me reporta às minhas mais antigas reminiscências musicais. É esta.
Comigo, em casa. Vinil, 45 rotações.

Abertura

Vanitas vanitatum est omnia vanitas.

do Eclesiastes.


Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.
[Infelizmente.]