quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Agora escolha

Sophie's Choice, de Alan Pakula (1982).

"This was not judgment day. Only morning."


Sorrisos

Quando oiço certas pessoas gostava de conseguir não me irritar e de sorrir de uma certa maneira. É mais ou menos como sorria aquela malta de extrema esquerda que estava na plateia de um Prós e Contras, aqui há uns tempos, enquanto ouvia um velho que era convidado do programa e que estava a dizer que era preciso muito cuidadinho (muito cuidadinho!) com os discursos extremistas desta malta, porque na Argentina, há dez ou doze anos atrás, também se enveredou por caminhos extremistas e depois foi muito difícil restaurar a paz social e mais não sei quê. Os sorrisos deles, pá. Eram impagáveis.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Paquetes de greve

Uma senhora, ao meu lado no restaurante, falava peremptoriamente das recentes greves. Pelo discurso, percebia-se que apoia o governo, o Passos Coelho e o PSD. E falava dos paquetes de greve. Paquetes de greve, paquetes de greve, paquetes de greve. A senhora repetia paquetes de greve, incessantemente (e dolorosamente, para mim). Não sei se a senhora imaginaria os grevistas a embarcar em algum cruzeiro pelo Mediterrâneo fora que, já agora, naufragasse fatalmente, claro, tal era a raiva que ela lhes tinha.
Por fim, alguém, delicadamente, lhe corrigiu a palavra, e todos pudemos retomar a nossa refeição em paz.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

3D

«Nunca voltarei», disse para mim próprio.
Fechara-se uma porta, a porta baixa na parede que procurara e encontrara em Oxford; se a abrisse agora, não encontraria o jardim encantado.
(...) Deixara atrás de mim - o quê? A juventude? A adolescência? Romance?
(...) «Deixei atrás de mim a ilusão», disse para mim próprio. Daqui em diante vou viver num mundo a três dimensões com o auxílio dos meus cinco sentidos.»

Reviver o Passado em Brideshead
Evelyn Waugh

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Mirror, mirror

Na rádio estava a passar "Boogie Monster" dos Gnarls Barkley. A certa altura, cantam: I used to wonder why he looked familiar/ Then I realized it was a mirror/ And now it is plain to see/ The whole time the monster was me.
Achei simpático da parte dos Gnarls Barkley terem-se inspirado n' "A Aparição" do Vergílio Ferreira. Quer dizer, foi simpático, mas já é um tema batido.

Veneza

No dia em que eu fiz vinte anos estava em Veneza. Escusado será dizer que raras vezes voltei a ter um aniversário tão bom. "Vinte anos + Veneza" é uma combinação quase insuperável. Mas a Praça de S. Marcos, nesse dia, não estava tão divertida como nesta foto tirada há dias.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Carga

Pena que as pedras arrancadas à calçada nunca atinjam os verdadeiros responsáveis. Mas, é claro, sistemas financeiros e governos são entidades abstractas demais para se lhes conseguir fazer pontaria.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Sublime simplicidade

No que diz respeito à moda das celebrities, nunca me interessam tanto os vestidos de gala como o estilo casual que é surpreendido nas ruas.
Como este, simples e prático, mas depurado e elegante, da Beatrice Borromeo. A ilusão da facilidade da cópia não passa disso mesmo, de ilusão. O todo não é a simples soma das partes, é preciso apurar cada ínfimo detalhe para o resultado final e é preciso qualquer coisa de inato. Não é à toa que se conquista o coração de um Casiraghi.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Ah, a Suíça...! Os chocolates, os relógios, as montanhas e os véus islâmicos

Este é um retrato actual de Genebra: atrás de cada mulher em roupa desportiva a fazer descontraidamente o seu jogging matinal, à beira do Lac Léman, há logo três ou quatro enfarpeladas de preto dos pés à cabeça.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

27

Jean-Michel Basquiat

As plaquetas afectivas

Todos temos plaquetas sanguíneas.  E trombócitos, trombina, e afins. Serve isto para dizer que estamos geneticamente programados para uma cíclica regeneração e para processos de cicatrização. Biologicamente.
E afectivamente.
Inevitavelmente.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Ler no S. Martinho

Mea culpa, mea culpa, que ainda não foi desta que me lancei no Proust (anda-me atravessado há anos.) Menos mal, acabei por me decidir por ler o "Shirley", da circunspecta Charlotte Brontë.
(E digo menos mal, porque, minha boa gente, há uns dias, a tentação diabólica estava na FNAC, onde vi o livro d' A Pipoca Mais Doce, "Estilo, Disse Ela". Estava a chamar-me da prateleira com um canto da sereia irresistível. Confesso que ainda me aproximei, enfeitiçada, qual coelho inocente hipnotizado pela serpente. Mas depois alguém me chamou e quebrou-se o encanto. Fugi da FNAC a correr, e só lamento não ter encontrado um padre para me exorcizar.)
Assim sendo, fico com a Charlottezinha Brontë, que é uma autora muito asseada e tudo. A história é sobre uma fase do capitalismo inglês em que os operários não tinham trabalho, e destruíam as novas máquinas que os estavam a substituir, e o patronato era muito rico e muito inflexível. Sounds familiar...?

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Twittar o S. Martinho


Se eu tivesse conta no Twitter, escreveria neste momento, laconicamente:
«Chuva e frio lá fora, castanhas assadas aqui dentro. Jeropiga para os bêbedos do costume, chá quente para mim, que sou uma nódoa. Agora sim, o Outono começou.»

Super Tuesday

Grande suspiro de alívio. Não é o Messias, nem tem nada que ser.
(Mas a esta hora lá estarão os bons WASP do Wyoming e os redneck do sul a recordar o nome do meio do homem. O Romney deve anunciar em breve que vai para um congresso de mórmones casar-se com 17 mulheres ao mesmo tempo.)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Roma

Eu não quero saber o que é que está a acontecer com o Woody Allen, eu não quero saber se os enredos dele são cada vez mais descabidos, eu não quero saber se as histórias que ele articula num filme são cada vez mais inseridas a martelo umas na outras, eu não quero saber o que os críticos ladram.
Eu só sei que, enquanto a minha Cidade Eterna e a sua luz insuperável forem as protagonistas, eu só tenho de agradecer ao homem, eternamente.






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Conde de Monte Cristo, amigo, estamos contigo, pá. Boa memória a mais.