Sophia de Mello Breyner tinha uma paixão pela Grécia que eu não partilho mas acho ternurenta. À excepção dos seus feéricos livros infantis nunca li nada dela, mas lembrei-me muito desta autora enquanto estive em Atenas, talvez precisamente por não entender aquela sua paixão. Fez ao longo da sua vida muitas viagens, traçando um mapa pessoal afectivo intrincado, com muitos eixos entrecruzados, onde a Grécia omnipresente surge como ponto de partida ou de chegada.
Surpreendentemente (para mim) a Grécia foi o sítio onde, até hoje, mais encontrei similaridades com o nosso Portugal.
Qual Espanha, qual Itália, qual quê. Os Italianos são exuberantes e sofisticados, e os Espanhóis têm auto-estima (até demais), que são coisas que os portugueses não são nem têm. Temos muito mais traços em comum com os Gregos do que com qualquer outro povo europeu.
Fazendo parte de realidades geográficas peninsulares, temos uma contraditória e omnipresente relação com o Mar, e um exagerado orgulho no Passado. As fisionomias humanas duras, rudes, traços agrestes nos rostos das pessoas que passam nas ruas, e uma humildade que chega a ser comovente. Uma paisagem seca e um caos patente no trânsito e na desorganização urbanística, o alegre desrespeito pelas regras, que só cá em Portugal se encontra. Até as músicas que se ouvem nas rádios são iguaizinhas às nossas, e as mesmas roupas pardacentas no Inverno. E também aquele adorável desejo de ser agradável para com o forasteiro, a simplicidade resignada com o facto de se pertencer sempre à “cauda europeia”, uma austeridade aparente e a mania de se investir muito em coisas simbólicas, em gastar mais do que se pode (os Jogos Olímpicos e o Euro 2004). O machismo ainda muito presente (os cafés urbanos onde não se vê uma única presença feminina), a afabilidade das gentes e uma certa melancolia generalizada (que não tem nada a ver com a crise).
Surpreendentemente (para mim) a Grécia foi o sítio onde, até hoje, mais encontrei similaridades com o nosso Portugal.
Qual Espanha, qual Itália, qual quê. Os Italianos são exuberantes e sofisticados, e os Espanhóis têm auto-estima (até demais), que são coisas que os portugueses não são nem têm. Temos muito mais traços em comum com os Gregos do que com qualquer outro povo europeu.
Fazendo parte de realidades geográficas peninsulares, temos uma contraditória e omnipresente relação com o Mar, e um exagerado orgulho no Passado. As fisionomias humanas duras, rudes, traços agrestes nos rostos das pessoas que passam nas ruas, e uma humildade que chega a ser comovente. Uma paisagem seca e um caos patente no trânsito e na desorganização urbanística, o alegre desrespeito pelas regras, que só cá em Portugal se encontra. Até as músicas que se ouvem nas rádios são iguaizinhas às nossas, e as mesmas roupas pardacentas no Inverno. E também aquele adorável desejo de ser agradável para com o forasteiro, a simplicidade resignada com o facto de se pertencer sempre à “cauda europeia”, uma austeridade aparente e a mania de se investir muito em coisas simbólicas, em gastar mais do que se pode (os Jogos Olímpicos e o Euro 2004). O machismo ainda muito presente (os cafés urbanos onde não se vê uma única presença feminina), a afabilidade das gentes e uma certa melancolia generalizada (que não tem nada a ver com a crise).
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