segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O pão nosso de cada dia

Ao ouvir ontem que (mais) um autocarro de adeptos de um clube de futebol português tinha sido apedrejado por adeptos adversários, e tendo constatado, horas antes, que o estádio onde tinha decorrido o jogo estava cheio (em tempo de crise), só me ocorreram as palavras do sábio Norbert Elias. O futebol, entre outros fenómenos sociais, é um interessante dispositivo de controlo social, sendo, simultaneamente, um reflexo das tensões sociais e um mecanismo atenuante das mesmas. Só isso explica que toda aquela gente jovem não utilize a energia transbordante que tem, por exemplo, para se mobilizar contra a classe política miserável que a governa ou contra toda a série de medidas injustas que tem vindo a sofrer na pele. Não. É sempre mais giro aplicar a fúria e o entusiasmo destrutivo no imediatismo de apedrejamentos e insultos num contexto pseudo-desportivo. Porque afinal de contas é o futebol que lhes põe o pão na mesa, com certeza.

11 comentários:

  1. É! O pseudo-desportivo é sempre um parasita. Do mais inútil que há na sociedade. Em último caso estragam um jogo que eu adoro. E sim. Energia destas a protestar contra políticos e as coisas seriam certamente diferentes há muitos anos.

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  2. É! Isso e a energia que despendem noutro grande desporto nacional: as queixas e as lamentações, sem acção, sem mobilização.

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  3. Façam manisfestações, trabalhem em prol de algo, sejam úteis!

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  4. É mais complexo que isso. A nossa História recente também explica muito isto, a falta de consciência cívica, o gap em termos de cidadania, a falta de hábito de participar activamente. Foram quase 50 anos. :)

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  5. Lá está...os 3 F!! Fátima, Fado e claro Futebol!! É só o q esta malta quer saber.
    Haja pão e circo...

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  6. Ia pôr esse título no post, mas depois achei que era muito forte, muito salazarento :) Mas assentava-lhe que era uma maravilha!

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  7. Psshhh cala-te, tu tá caladinha que se lhes dá pra sair do "ramo do futebol" há logo mortos e feridos à porta da Assembleia e não se muda Troika nem coisa nenhuma, só ficamos iguais aos Gregos. pshhhhhhh cala.....!

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  8. Oh linda,os Gregos não, que eles são assim a modos que tão feios... Eu quero é saber quando é que ficamos iguais aos Holandeses: altos, forretas, vegetarianos e com um bom nível de vida e boa assistência social. Seria possível mandar vir isso aqui pr'ó cantinho à beira-mar? ;))
    Bjnhs!

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  9. Altos e forretas sim. Vegetarianos??? Desde quando??? Estes gajos só não comem praticamente peixe pq a casa fica a cheirar mal e não gostam, pq de resto vais ao supermercado e é vê-los a comprar kilos de porco e galinha!
    Boa assistência social? Whati? Eles têm é uma boa força policial! Hás-de ver a quantidade de sem abrigos que há cá pra veres a assistência social. E não falemos da assistência de saúde que até tremes amiga: as mulheres têm os filhos em casa sempre que possível, a medicina é toda reactiva, nunca preventiva. Minha querida Zôzô, deixa de sonhar com os nórdicos, que fora o facto de serem altos e loiros não têm mais vantagem nenhuma sobre os Portugueses. Juizinho, juizinho!

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  10. Eh pá, ó linda, mas então e o que os números dizem não significa nada? O nível de vida deles, a produtividade, os salários mais altos, as condições de trabalho, a flexibilidade nos horários das mães, as licenças de parto prolongadas, e as jornadas de trabalho que não devem ser superiores às nossas, de certeza...? É que eu só queria o que eles têm de bom, de resto não quero nadinha... :)

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  11. Minha linda, há coisas que só vais entender depois de cá viveres. Os números não são nada.

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