segunda-feira, 1 de julho de 2013

Eis algo que não se exporta facilmente

O humor português não é universal, nem transversal, nem coisa que se pareça. Sobretudo o do Ricardo Araújo Pereira e do Gato Fedorento.
Ontem à tarde, na Globo, o RAP estava num programa brasileiro de domingo à tarde. Em vez de achar piada, fiquei quase envergonhada. Começando pela forma de falar: o RAP teve, naturalmente, de falar mais devagar, mas mais parecia neurasténico, de tão lentificado que era o discurso. O humor, que costuma ser tão politicamente português, tão acutilante e certeiro, tão genial, ficou transformado em meia dúzia de piadas básicas e previsíveis. E, pior ainda, todo aquele ambiente descontraído dos brasileiros, contrastava impiedosamente com o fatinho e a gravata com que ele se farda. Simplesmente, não se enquadrava ali.
Compreendo que RAP, Markl, Manzarra e todos esses, tenham de se lançar em novos mercados, nomeadamente, no Brasil: é o que está toda uma nova geração a fazer. (Até porque em Portugal, qualquer dia já não espaço nenhum para o humor, que isto não está para brincadeiras.) Mas, nessa diáspora, os artistas portugueses irão, pelo caminho, perder muitas qualidades que só são verdadeiramente apreciadas cá dentro. (Imagino quando tiverem de se lançar em Angola.)

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