quarta-feira, 18 de julho de 2012

E se de repente um desconhecido

Um quarentão engravatado aborda-me no café, dizendo que me seguiu até ali quando me viu a passar na rua. Senta-se na minha mesa sem ser convidado, apresentando-se e repetindo centenas de vezes que é advogado e (passo a citar) "uma pessoa de bem" [ah ah! ah!]. E pergunta muitas vezes: "Mas não acha isto romântico? Mas não acha isto cavalheiresco? Mas não podemos tomar um café um dia destes?" Em vez de lhe dizer que não, que achava até bastante triste, desesperado e digno de pena, e mesmo um bocado assustador, calmamente deixei-o falar, para depois, delicadamente, enxotá-lo, fazendo uma breve alusão a uma telefonemazinho para a polícia. Retirou-se. Mas não sem antes exibir orgulhosamente, como quem joga o último trunfo, o seu... cartão da Ordem dos Advogados. Que deve tomar como garante inquestionável de idoneidade. E como um salvo-conduto para pernas abertas. Só pode.

10 comentários:

  1. Esse episódio dava um filme de suspense... Não ficou assustada?

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  2. Brisa,
    há tanto doido por aí que já nem ligo..

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  3. Marta,
    cuidado que esta gente costuma gostar de raparigas fashion ;))

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  4. E algumas pessoas "fashion" costumam gostar dessa gente.Não é o caso! ;)

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  5. O Pedro Mexia escreveu certo dia umas coisas acertadas sobre advogados: http://thesockgap2.blogspot.pt/2009/03/bonecos.html

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  6. Edgar,
    corresponde à descrição. Acho tão triste.
    Bjnhs!

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  7. É por causa destas merdas, e outras que vejo todos os dias, que não raro me envergonho da profissão a que, por manifesta falta de engenho ou talento para outra coisa qualquer, vim parar.

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  8. Ega, eu acho que estas pessoas estão desfasadas da realidade. O problema é delas. Com os médicos é o mesmo.

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