terça-feira, 17 de julho de 2012

Gap year

Todos os anos, sempre que vejo notícias sobre as candidaturas e entradas para a universidade, é inevitável lembrar-me do gap year, algo que sempre foi muito comum nos países anglo-saxónicos, onde ele está, por assim dizer, "institucionalizado", como em Inglaterra ou na Austrália. E que lamentavelmente nunca existiu em Portugal. O que cá existe é uma mentalidade de horizontes pouco vastos, que preconiza a ideia de que tem que se entrar na universidade o mais depressa possível e que se deve de lá sair em tempo recorde (à la Relvas, talvez). Ideias que infelizmente são agora ainda mais reforçadas pela crise e pelas dificuldades económicas das famílias.

É, de facto, uma grande pena. Acho que o gap year, se bem organizado, pode constituir uma oportunidade preciosa e irrepetível na vida, e, entre o secundário e o ensino superior, ter-se experiências valiosas como o voluntariado, viajar pelo mundo, fazer cursos no estrangeiro ou ter um primeiro contacto com o mundo do trabalho. Em suma, permite experiências de vida únicas, ganhar maturidade e responsabilidade acrescidas, e talvez até possa ajudar a reflectir e a esclarecer melhor a vocação para a área académica na qual se pretende ingressar a seguir. Penso que isto são muitas vantagens, mas há quem considere impensável um ano "perdido", e que o que é bom é ter recém-licenciados que entraram na universidade aos 17 e saem dela sem nunca terem assumido quaisquer responsabilidades, sem nunca terem viajado ou trabalhado, sem nunca terem saído de casa dos pais, sequer.

12 comentários:

  1. Também concordo que experiências assim não devem ser passadas em branco. Acho que todo jovem deveria ter a oportunidade de conhecer outra cultura e vivenciar experiências com outros povos e línguas, faz parte do amadurecimento.

    Bjo

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  2. É mesmo, Deby. Na Suécia também há esse costume do gap year?

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  3. é pena, sim, pois temos essa pressão para despachar os canudos tão rapidamente quanto possível. não sei se se trata de uma norma social, típica do tuga formiga trabalhadora, se uma moda atiçada pelas empresas. recordo-me de ver, há já uns bons anos, anúncios de emprego a solicitar candidatos até 25 anos, já com X anos de trabalho activo, conhecimentos em várias áreas, etc. quem podia ser tanto com tão pouca idade?

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  4. Assino em baixo. Eu entrei mais tarde na Universidade e posso dizer que foi o melhor que eu fiz. Ia mais madura e preparada pró "mundo" que me esperava. No entanto, e infelizmente, esse "gap year" de que falas ainda é visto como um ano de passeio e vidinha de meninos ricos que só querem láurear a pevide. Há que mudar mentalidades e isso começa também nos nossos jovens. Bj

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  5. E a pena que eu tenho de não ter tido um gap year?
    Se a minha carteira mo permitisse tinha um agora, já, agoraquijá.
    Vou tendo os meus momentos de evasão/crescimento ou de esticar horizontes quando viajo sozinha. Mas não é a mesma coisa.
    Joana

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  6. Brisa,
    hum...não sei. Será que o mundo empresarial na Austrália ou no Canadá é menos competitivo que o nosso? Será que exige recursos humanos menos experientes e dinâmicos? Acho que cá existe é vistas muito curtas (e, claro, dificuldades económicas que nos outros países não são tão graves, infelizmente).

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    1. sim, talvez seja mais uma questão de mentalidade. não sei se apontaria dificuldades económicas, pois basta ir para a porta de uma universidade para se ver a quantidade de carros e roupas e estilo de vida de muitos alunos.

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  7. Onisa,
    que sorte. Em casa eu até tinha bastante apoio e se quisesse teria feito um ano de pausa. Mas a pressão social era tanta para continuar a estudar que entrei directa para a universidade :(

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  8. Joana,
    viajas sozinha? Corajosa, miúda! :) Eu adoro viajar mas tem sido sempre acompanhada. Um dia destes também me faço à estrada sozinha, acho que nos deve fazer crescer bastante.
    Bjnhs!

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  9. Olá zozô :)
    Acho que uma pessoa entende que sozinha também se pode divertir. É libertador, sem dúvida.
    Mas há certas coisas que não podes/deves fazer sozinha à la maluca, nomeadamente sair à noite sem companhia.
    Eu cá gosto de vaguear ao sabor dos meus pensamentos. E vão-se encontrando pessoas interessantes.
    De vez em quando também há uns sustos. A minha sorte é que quando me apertam os calos transformo-me num ser com pelo na venta, podendo levar tudo à frente.
    O factor sorte também pesa bastante :)
    Beijinho
    Joana

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  10. Eh pá eu não viajo sozinha porque depois não tenho ninguém que me fotografe...! ;)))
    Agora a sério: acho que deve ser uma aventura fantástica e muito enriquecedora. E deve permitir-nos crescer bastante! A parte de conhecer outras pessoas é com certeza a melhor... quando se vai acompanhado a tendência para estabelecer outros contactos não é tão espontânea.
    Deves ter muitas experiências e histórias giras para contar pela vida fora, Joana!
    Bjnhs e boas viagens :)

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  11. A falta que me fez um ano desses!...

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