quinta-feira, 11 de abril de 2013

The ultimate precarity

São sempre interessantes, nas recentes manifestações de rua ou em reportagens na televisão, as declarações dos casais jovens que reclamam porque não têm autonomia financeira nem estabilidade para saírem de casa dos pais e viverem juntos, para se casarem, para terem filhos.


Estas pessoas têm absoluta e plena legitimidade para protestar, para se sentirem insatisfeitos, para se sentirem defraudados nas suas expectativas, nos seus projectos de vida. Em tudo o que a sociedade lhes ensinou que podiam esperar da vida adulta.

Mas, mesmo assim, se virmos de uma certa perspectiva menos dramática, estas pessoas ainda podem sentir-se relativamente afortunadas: a precariedade não os atingiu também a nível afectivo. Um casal tem-se um ao outro. E quem se tem um ao outro, pode unir forças e o céu é o limite. Já é uma excelente base, é um bom começo. Quem tem amor tem tudo, afinal. Pois não é isso, o amor, a maior fonte de força e de motivação que existe na vida?

Em situação mais desfavorável ainda estará quem sente na pele a precariedade como factor transversal a tudo. Quem, para além da insegurança profissional, nem estabilidade emocional tem. Quem é atingido pela precariedade no amor, quem sente na pele a insegurança na vida sentimental, quem vive dos recibos verdes de relações inconsistentes, rarefeitas, dúbias, sem sentido. Mas estes últimos não protestam tanto, são mais silenciosos.

5 comentários:

  1. E o mercado matrimonial, esse então, é um carrasco, João.

    ResponderEliminar
  2. Pode dizer-se que neste caso a solução não está na flexisegurança. Mas lá está, é preciso não desanimar. Quando menos se espera aparece um anúncio que é a nossa casa. Depois é a receita do costume: ir às entrevistas, levar uma roupa adequada, esquivar-se às perguntas mais manhosas, tentar impressionar a pessoa do outro lado da mesa. No fim de contas pode ser que desta vez o contrato proposto seja menos precário ;)

    ResponderEliminar
  3. Precisamente. Não esquecendo a regra de ouro de não falar sobre contratos anteriores. :)

    ResponderEliminar
  4. Ora aí está! Essa coisa de entrar para o quadro pode ter deixado de fazer sentido, mas ainda é possível arranjar bons contratos a fazer o que mais se gosta. E, apesar da crise, nem é preciso ir para o estrangeiro.

    ResponderEliminar