terça-feira, 28 de novembro de 2006
Este também quero ver se vejo
Estreia no próximo ano, "The other Boleyn girl", com o bonzão do Eric Bana (no papel do poeta e sanguinário Henrique VIII), Natalie Portman e Scarlett Johanson (duas irmãs a disputarem o real coração).
sexta-feira, 24 de novembro de 2006
A metamorfose
Não a de Kafka - deixai-o sossegado na tumba - mas a de Zozô.
Podia dar um verdadeiro ensaio em psicologia a forma como alguém rebelde, arisca e impetuosa, dá lugar, durante coisa de uma hora, a uma criatura doce, empática, serena, um verdadeiro receptáculo equânime de informação, opiniões, subjectividades, emoções (ma non troppo), quando estou perante um(a) dos(as) meus/minhas entrevistados(as).
Ah, ciência a quanto obrigas.
A pão e água
Há vários anos - não sei quantos - que não como o verdadeiro pão: o pão alentejano.
Por outro lado, a Szentkërali (Rei Santo, em húngaro) é uma água que se está a impôr no mercado, mas que nunca provei.
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
terça-feira, 21 de novembro de 2006
Impressões: Budapeste
Entre o classicismo imperial de Viena e a harmonia musical de Praga, nunca ninguém lhe faz justiça. Budapeste surge distante, inacessível, misteriosa. Qualquer comparação é injusta. Budapeste deve ser vista só por si.
Quando lá fui, gostei da cidade mas não sabia bem definir o que nela senti.
Entre os boulevards novecentistas a lembrar Paris, os antigos cafés, que agora são revitalizados após décadas a serem "condenados" ao anátema de "burgueses", a magnificência do Parlamento, os monolíticos edifícios do tempo do socialismo e da ocupação soviética, e os românticos cruzeiros no Danúbio (que não é só o azul vienense: não, não é), fica-se um pouco baralhado, sem saber o que dizer desta cidade que foge, deliberadamente, a qualquer descrição banal de uma qualquer capital europeia. Tanto que, só alguns anos mais tarde, os meus sentimentos tomaram expressão nas palavras certeiras do Gonçalo Cadilhe, que lhe captou a alma tão bem.
Porque Budapeste é, antes de mais, uma cidade cheia de alma. Por detrás da sua austeridade hermética, há que, delicadamente, lhe ir descobrindo os segredos e o encanto, a sua história milenar (literalmente: a Hungria tem cerca de 1100 ou 1200 anos, de refractária persistência, de refractário orgulho magiar) e uma resistência soberana que aguentou turcos, o império austro-húngaro, os alemães, os sovietes, e deixou intacto o património linguístico, igualmente misterioso (de onde vem a impenetrável língua húngara?), igualmente único no Mundo. Só um país digno, com uma digna capital, tem um monumento erguido na Hösök Tere (Praça dos Heróis) dedicado às suas províncias perdidas no decurso da Segunda Grande Guerra (como é o caso da Transilvânia, perdida para a brumosa Roménia). Foi a frase que eu ouvi de alguém, quando estive nessa praça imponente.
Para não falar na esperiência espiritual de entrar pela primeira vez numa sinagoga, e, na penumbra, dar largas ao espanto, descobrindo formas e cores e estilos desconhecidos - por sinal, a maior do mundo, a seguir à de Nova Iorque.
E acessível, lá, só mesmo a extrema simpatia e humildade, irresistíveis e cativantes, dos húngaros.
E mesmo assim permanecer bela e inacessível, como quando se olha, do lado de Buda - a partir do Bastião dos Pescadores - para o lado de Peste, por sobre o rio escuro e solene, numa tarde de início de Outono.
Quando lá fui, gostei da cidade mas não sabia bem definir o que nela senti.
Entre os boulevards novecentistas a lembrar Paris, os antigos cafés, que agora são revitalizados após décadas a serem "condenados" ao anátema de "burgueses", a magnificência do Parlamento, os monolíticos edifícios do tempo do socialismo e da ocupação soviética, e os românticos cruzeiros no Danúbio (que não é só o azul vienense: não, não é), fica-se um pouco baralhado, sem saber o que dizer desta cidade que foge, deliberadamente, a qualquer descrição banal de uma qualquer capital europeia. Tanto que, só alguns anos mais tarde, os meus sentimentos tomaram expressão nas palavras certeiras do Gonçalo Cadilhe, que lhe captou a alma tão bem.
Porque Budapeste é, antes de mais, uma cidade cheia de alma. Por detrás da sua austeridade hermética, há que, delicadamente, lhe ir descobrindo os segredos e o encanto, a sua história milenar (literalmente: a Hungria tem cerca de 1100 ou 1200 anos, de refractária persistência, de refractário orgulho magiar) e uma resistência soberana que aguentou turcos, o império austro-húngaro, os alemães, os sovietes, e deixou intacto o património linguístico, igualmente misterioso (de onde vem a impenetrável língua húngara?), igualmente único no Mundo. Só um país digno, com uma digna capital, tem um monumento erguido na Hösök Tere (Praça dos Heróis) dedicado às suas províncias perdidas no decurso da Segunda Grande Guerra (como é o caso da Transilvânia, perdida para a brumosa Roménia). Foi a frase que eu ouvi de alguém, quando estive nessa praça imponente.
Para não falar na esperiência espiritual de entrar pela primeira vez numa sinagoga, e, na penumbra, dar largas ao espanto, descobrindo formas e cores e estilos desconhecidos - por sinal, a maior do mundo, a seguir à de Nova Iorque.
E acessível, lá, só mesmo a extrema simpatia e humildade, irresistíveis e cativantes, dos húngaros.
E mesmo assim permanecer bela e inacessível, como quando se olha, do lado de Buda - a partir do Bastião dos Pescadores - para o lado de Peste, por sobre o rio escuro e solene, numa tarde de início de Outono.
segunda-feira, 20 de novembro de 2006
Herbie Hancock
Como de jazz não percebo grande coisa que valha a pena escrever - só sei que gosto - subscrevo tudo, acrescentando que o meu hic et nunc foi anteontem, na Casa da Música.
Destaco o solo de Lionel Lueke, não pelo mom's single name Monteiro, mas mais por me ter transportado para as longínquas paragens do Benim.
Mrs. Robinson
O jovem estudante de Medicina do apartamento ao lado multiplica-se em pequenos cavalheirismos de trazer por casa, e em oportunidades para meter conversa.
Da cozinha minimalista aos pequenos prazeres urbanos
Com o serão já avançado, a "essa hora dos mágicos cansaços", salada de fusilli, cubos de beterraba, tomate cerise e queijo fresco, orégãos e um fio dourado de azeite.
sexta-feira, 17 de novembro de 2006
Lus Ojus
A Noiva Judia, Rembrandt, 1665, Rijksmuseum, Amesterdão
Kontami la kunsejaki si camina in tus ojus
kuando lus avris
la manyana
kuando il sol
entra su aguda di luz
in tus suenyus.
Clarisse Níkoisdki
Da série de poemas em judeu-espanhol "Lus Ojus, Las Manus, La Boca".
quinta-feira, 16 de novembro de 2006
O que o Inverno tem de bom
efectivamente bom, mas bom mesmo, é o facto de uma gaja poder finalmente andar na rua, escudada por cachecóis e sobretudos, sem ouvir bocas foleiras, piropos de mau gosto, assobios de variada espécie, sem ser seguida por olhares famélicos e expressões rastejantes, sem se embaraçar perante o espectáculo de travagens aparatosas quando se abeira de uma passadeira na estrada.
Até Maio.
segunda-feira, 13 de novembro de 2006
Sirmione
é a cidadezinha mais encantadora e cosy (esse indefinível e musical adjectivo que agora está na moda) que visitei até hoje. Uma pequena península nas margens do Lago di Garda, afagada pelos Alpes, atrás, protegida dos séculos por um Forte, e iluminada pelo sol e vitalidade italianos. Tudo, lá, é fascinante, desde os cisnes no Lago, aos saborosos gelados à maneira tradicional, às ruazinhas impecáveis, em que as casas têm floreiras nas janelas (um apontamento cromático e alegre que não é mais do que um pleonasmo à graça e modo italianos, ainda que do Norte). Se eu fosse a Maria Callas, também tinha construído lá uma casa. Ah, e também fazia uma rinoplastia.
(Pena em 99 não ter máquina digital.)
sexta-feira, 10 de novembro de 2006
quinta-feira, 9 de novembro de 2006
Vinicius
Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.
Pela luz dos olhos teus, Vinicius de Moraes
(A música, e o filme/documentário.)
No laboratório
Para um cientista social, o laboratório é o nosso espaço do dia a dia. Um espaço social. A praça. A fábrica. A Assembleia. A casa. A rua. O escritório. Há quem tenha como objecto de estudo seres apenas visíveis ao microscópio. Amebas, protozoários. E há quem tenha como objecto seres como nós. Onde todo o cuidado é pouco. Onde há empatias, thin red lines, situações delicadas a gerir. Em laboratório.
Manuale d'amore
de Giovanni Veronesi (2005)
Num impulso, ver este delicioso filme italiano sobre (what else?) o amor. O amor, as relações, as pessoas, os homens, as mulheres. E, mais do que o interesse que as quatro histórias que se entrecruzam despertam, mais ainda do que a própria natureza circular da história (tão circular como o próprio ciclo do amor que nos é proposto: Paixão/ Crise/ Traição /Abandono), mais do que tudo isto, o que me fez bem foi rever Roma.
Não só na Piazza Navona, nem nas charmosas ruas arborizadas que lembram Villa Borguese, mas sobretudo na língua italiana, cantada, na graça e expressividade e encanto das pessoas. Roma. E o Mauro, a Sara de Milão, o Michele de Siena, a Lorena, a Giovanna (de onde, mesmo?). A falta que me faz ouvir e rir-me com expressões como fidanzata, cazzo e che schifo!.
segunda-feira, 6 de novembro de 2006
Italiano vero
Num acolhedor restaurante italiano na Rue de Saint-Martin, encontrado após aturadas buscas, Gianfranco apresenta-se como siciliano de gema, desfaz-se em amabilidades, e, enquanto me explica as especialidades com que me irei deliciar ao jantar, pergunta-me se sou signorina ou signora. Visivelmente satisfeito com a resposta, prossegue, teatralmente, com um beija-mão, e não se cansa de elogiar a gastronomia e paisagens portuguesas, num honroso segundo lugar na sua lista de preferências, logo a seguir às suas bens-amadas congéneres sicilianas, desvalorizando, de raspão, items referentes a paragens mais setentrionais do seu país. Já depois da sobremesa, enquanto beberico o licor de lemongello - outro néctar da ilha, e nova atenção do chef - não deixo de reparar que as gregas - mãe e filha - da mesa em frente, chegaram ao mesmo tempo que eu, lamentavelmente não foram brindadas com os mesmos mimos. À saída registo, sem supresa, que a clientela (nessa noite, pelo menos) é exclusivamente feminina.
Lirismo narrativo
Silêncios
O Novo Mundo
eloquentemente arquitectados. Diálogos, poucos - os suficientes para darem expressividade a um encontro (confronto) cultural, civilizacional, de dois mundos que não souberam nunca dialogar. História de amor, ok. Há quem diga demasiado parado. Seca. Eu digo apenas que se trata de um filme razoável-bom, que foge q.b. à fórmula americanada. Fotografia inexcedível, de cortar a respiração.(Collin Farrell e Cristian Bale a disputarem ferozmente pelo primeiro lugar na minha lista de homens sexys.)
Líquidos dias de Amesterdão
A clássica Amesterdão é esta, dos canais e dos edifícios centenários assentes em estacas.
Uma cidade despretensiosa, pragmática, com vitalidade e tolerância, conquistada, paciente e racionalmente, à água, esse elemento omnipresente - com o mais pragmático espírito da ética protestante, que permitiu o áureo esplendor naval seiscentista e a fuga de cérebros de Portugal (e não só) para lá (da qual a sinagoga israelo-portuguesa é comovente testemunho, em terras onde a fonética nos é tão estranha).
Depois, há a outra Amesterdão. Onde as pessoas são descontraídas e até afáveis. Onde os jovens fazem festas ao fim da tarde, reunindo-se no barco de alguém, ancorado num dos canais, com comida, bebida e música. Onde se fuma um charro, mas também se bebe uma Coca-cola, como nesta coffee-shop aqui ao lado, que ficou a ser a minha preferida. Hunters Bar, na Warmoesstraaat, no Centro da cidade, pertinho do Red Light. Eu recomendo.
Uma cidade despretensiosa, pragmática, com vitalidade e tolerância, conquistada, paciente e racionalmente, à água, esse elemento omnipresente - com o mais pragmático espírito da ética protestante, que permitiu o áureo esplendor naval seiscentista e a fuga de cérebros de Portugal (e não só) para lá (da qual a sinagoga israelo-portuguesa é comovente testemunho, em terras onde a fonética nos é tão estranha).
Depois, há a outra Amesterdão. Onde as pessoas são descontraídas e até afáveis. Onde os jovens fazem festas ao fim da tarde, reunindo-se no barco de alguém, ancorado num dos canais, com comida, bebida e música. Onde se fuma um charro, mas também se bebe uma Coca-cola, como nesta coffee-shop aqui ao lado, que ficou a ser a minha preferida. Hunters Bar, na Warmoesstraaat, no Centro da cidade, pertinho do Red Light. Eu recomendo.
sexta-feira, 3 de novembro de 2006
"Frenchie" (parte III)
Atente-se na profusão de diminutivos utilizada para caracterizar (e muito bem) as frances(inh)as mignones.
Já os homens, pela amostra parisiense a que tive direito, só me recordam uma palavra: insipidez. E um je-ne-sais-quois que evoca diminutivos... de outra ordem.
Já os homens, pela amostra parisiense a que tive direito, só me recordam uma palavra: insipidez. E um je-ne-sais-quois que evoca diminutivos... de outra ordem.
"Frenchie" (parte II)
45 anos de "Boneca de Luxo"
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