A Sofia Coppola fez quatro longas metragens sublimes. Bom, umas mais do que as outras. Filmes, como eu gosto de dizer, onde os silêncios são sábia e habilmente geridos, e onde, por sua vez, a banda sonora tem uma forte eloquência. Filmes com pendor minimalista (menos em "Marie Antoinette", pelos motivos óbvios).
Após ter visto e lido algumas entrevistas com a realizadora/argumentista, é impossível não ficar com a evidência do cunho que a sua personalidade imprime nos filmes. Um estilo lento, quase indolente. Poucas palavras, uma calma extrema, quase a roçar a apatia. Uma descontracção e um relaxamento quase exasperantes.
Deve ser interessante trabalhar com ela, porque dá a impressão de ter grande flexibilidade e de dar muita liberdade aos artistas com quem trabalha. Porém, não deixa de ser intrigante como é que uma pessoa de carácter tão "zen" assume a liderança e a coordenação de toda uma equipa técnica e artística envolvida na criação de um filme.
E é inevitável não desligar a sua imagem da do pai. Ela própria afirma que o pai não é muito exigente com ela nem com os filmes dela, o que torna quase translúcida a situação de menina do papá. O que, por sua vez, não condiz muito com um realizador conhecido pela sua extrema exigência, e até alguma dureza, que levou Winona Ryder às lágrimas durante a gravação de uma cena de "Drácula", nos anos 90.
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