terça-feira, 12 de abril de 2011

O lado contemplativo do desporto


Gosto de râguebi. Não significa que entenda o jogo nem as suas regras. Não significa que assista a jogos. Não significa que saiba sequer quem participa na Taça das Seis Nações. Só sei que gosto da estética do jogo. Da masculinidade hiperbolizada. Da ferocidade regrada. Do hino à testosterona excessiva, quase palpável, que ali pulula. Das origens que remontam a um colégio britânico, e da ligação às aventuras de Tom Jones. De alguns jogadores de raízes maoris. (Enfim, sem querer desvirtuar tudo, porque me parece que já estou a converter isto em algo poético.)

A questão é que o próprio desporto, em geral, (exceptuando algumas modalidades) é, na verdade, uma magnífica oportunidade de se admirar o sexo masculino em todo o seu esplendor. Na impossibilidade actual de a energia masculina se esgotar em saques, pirataria, guerras sangrentas ou em duelos, como acontecia noutros tempos, o desporto converteu-se numa forma "civilizada" (nem sempre, já sabemos) de extravasar uma vitalidade transbordante e, simultaneamente, é uma celebração da virilidade, da sua beleza e da sua infantil brutalidade. O desporto pode ser um lugar de extasiada contemplação.

2 comentários:

  1. Bravo! Colocou por palavras (perfeitas) boa parte daquilo que me motiva a assistir a alguns desportos, e a ser fã da série "Spartacus". Permita-me que copie tão deliciosas palavras para o meu blog - com a devida identificação da proveniência, claro está.

    (já a leio há algum tempo, mas somente agora me atrevi a comentar).

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  2. Olá Brisa,
    claro que sim, à vontade :)
    E comente sempre que lhe apetecer, aqui não fazemos cerimónias, ok? ;))

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