E de facto. Todos os intervalos, entre fases, que atravessamos, são dolorosos. Pensamos que é apenas na puberdade que enfrentamos a maior cisão entre aquilo que seremos e aquilo que estamos a deixar de ser. Mas não é. Em todas as épocas temos dores de crescimento. Inevitáveis, como o próprio passar do tempo sobre nós. Depois do excesso de acne na cara e da centralidade das marcas da roupa no nosso universo minúsculo, e ainda da identidade que não sobrevive fora do grupelho, há sempre outras adolescências. Sair de casa para ir estudar longe. Novas pessoas a surgir no horizonte. Frustrações e pequenas vitórias. O primeiro namoro que acaba. A dura “recruta” do primeiro emprego. Amizades que se vão disseminando por bifurcações de caminhos. O tempo que deixamos de ter para nós, perdido, algures, entre um autocarro e uma repartição qualquer. O casamento, e a ilusão do “para sempre”. A rotina que se instala e o “afinal, somos iguaizinhos aos nossos pais”. Os erros que se cometem. O acabar deste ou daquele sonho. A realização de outro, muito antigo, que afinal não nos deixa assim tão diferentes daquilo que éramos um dia antes. As pequenas partículas de felicidade que tentamos, insistentemente, forjar, no meio de tudo.
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