terça-feira, 26 de outubro de 2010

Feitiçaria (e o diabo a sete)

Sou fã dos livros do Harry Potter e (assumo-o sem pejo) li-os todos duas vezes, já na idade adulta. Vibrei com a queda do "Quem Nós Sabemos" (ai, spoiler!!) e lamentei muito o que aconteceu à Tonks e ao Lupin.

Aceito que cada um tenha a sua opinião sobre esta colecção de livros e que nem todos gostem. Mas transtornam-me as atitudes fanáticas e diabolizadoras. Ouvi recentemente uma alminha (uma versão mais feia da Sarah Palin) dizer que tentara dissuadir os sobrinhos desta leitura porque incitava à feitiçaria.

Ou seja, gente que se esquece que cresceu em toda uma matriz de pedagogia infantil ocidental onde abundam as histórias mais fantásticas e irreais. Onde pululam bruxas, caldeirões e feiticeiros, com os nobres contributos de Perrault, H.C. Andersen e os irmãos Grimm.
Sim, histórias crudelíssimas de madrastas que se transformam em bruxas e envenenam as enteadas com maçãs. Bruxas que rogam pragas a princesas para que elas morram aos 16 anos, picando-se com o fuso de uma roca. Lobos que devoram avós e netas e depois são esventrados para elas saírem da sua barriga.

Pensava que o fanatismo era só coisa de evangélicos fanáticos norte-americanos e que a Inquisição já tinha sido extinta há muito. Mas afinal ainda andam por aí muitas mentes medievais, que querem ver muito livrinho a constar na lista do Index e a arder. Enfim. O Salman Rushdie e o Saramago que o digam.

Bem. Eu sei que devia era de ser sanguínea num ataque a obras ao meuTolstoi ou a Balzac. Só que o conde Vronski e a Eugénie Grandet não precisam da nossa ajuda, estão consagrados há muito.
Mas o Harry Potter, precisa. Porque ele salvou-nos a todos do Voldemort (e ainda tinha que ir às aulas e fazer os trabalhos de casa).

2 comentários:

  1. I'm so sorry, mas a senhora que pretende "dissuadir os sobrinhos desta leitura porque incitava à feitiçaria" é burra, e quer que os sobrinhos sejam burros.
    O HP (de quem sou grande fã, assim como de todos os livros de fantasia e das escritoras inglesas pra adolescentes) é talvez um dos maiores exercícios de imaginação que já li. Um universo paralelo completo imaginado, e a senhora tem medo que os sobrinhos aprendam poções!! Bem diz o Markl q não sabe como é que nós sobrevivemos nos anos 80, oh God.

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  2. De facto, fico mesmo muito surpreendida com o obscurantismo de certas mentes. Mas acredita que há tantas assim...

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