quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Educação cinematográfica

O Leopardo, de Luchino Visconti (1963)

Confesso, com algum (pronto, bastante) pesar, que tenho graves lacunas cinematográficas, sobretudo em relação aos grandes clássicos do cinema, ou aos filmes de grandes cineastas. Nunca vi um Truffaut, nunca vi Fellini, nunca vi Jean Luc-Godard, nunca vi Buñuel, nunca vi Visconti. Em suma, sou uma bruta ignorante.

Enfim, checkei um ou outro Elia Kazan, um Ingmar Bergman aqui ou ali, e é (quase) tudo. Até o pobre Hitchcock eu tenho ignorado. O que é uma vergonha lamentável.

Posso dizer isto à vontade, porque isto de ter sido uma adolescente nerd reúne algum factor compensatório sobre as horas que agora perco a analisar o site da Vogue, na vida adulta. Isto é, há (nem que seja para meu ilusório consolo) contrapesos em termos de leituras: de Tolstoi a Kundera, de Dostoievski a Eça, de Austen a Balzac, de Wilde a Maquiavel, o essencial está todo lido, a liçãozinha está todinha estudada.

Em termos de cinema, a história é outra, de facto. Porém, a vida é longa e eu tenho boa vontade. Em 2011, a minha tarefa é colmatar esta falha. Aliás, vou começar já em 2010.

11 comentários:

  1. eu tenho andado a colmatar a falha John Ford (e a Tom Ford no caso da vogue :)

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  2. Lá está: tenho actualizado mais o Tom do que o John, mas um dia também chego lá :D

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  3. Também eu tive, devido a várias razões, uma travessia no deserto (para não dizer pior) no que ao cinema diz respeito. Eu fui um gajo que na juventude ia ao cinema ver godzillas e mais o raio que o parta.

    Comecei há uns 2 ou 3 anos a compensar essa omissão.

    E tenho o Il Gattopardo como um dos filmes da minha vida. Obrigatório para quem ama a Itália, e a Sicília em particular.
    Mas não o veja sem ler primeiro a magistral obra de Lampedusa que serve de argumento adaptado ao filme de Visconti.

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  4. Acho que pecar nos livros é bem mais preocupante do que pecar nos filmes. Só porque nasce muito mais imaginário a partir dos livros. Ler livros é uma experiência. Ver um filme é um momento.

    Pondo isto de parte, NUNCA VISTE UM FELLINI!?!? Por amor de deus! Amarcord já! Nem fales com ninguém na rua antes de tratar disso!

    E depois, se não o fizeste, põe-te ver todos os Charlie Chaplins que conseguires agarrar. Se já o fizeste estás praticamente desculpada de tudo o que tem a ver com cinema. O Chaplin é o maior.

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  5. Ega, creio que faz tudo parte, tem de haver um processo de amadurecimento e, vá lá, de apuramento do gosto, para então se apreciar devidamente os bons filmes. Será talvez como um bom vinho (dizem). O Leopardo foi precisamente um dos primeiros que comprei. Mas ainda não o vi, portanto, vou a tempo de aguentar a curiosidade pelo filme, e de seguir a sugestão de ler antes o livro. :)

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  6. Miguel, vou já ali à FNAC auto-flagelar-me com dvd's!
    Por acaso, tive nas mãos o La Dolce Vita e o Amarcord (e lembrei-me de ti, porque incluiste uma cena deste filme num post, não há muito tempo), mas optei pelo primeiro. O Amarcord fica para o próximo mês.

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  7. O Miguel está certo. Começa pelo Fellini, embora eu recomendasse "La dolce vita" ou "8½" ou ainda o pouco conhecido em Portugal "Il Casanova di Federico Fellini". É efectivamente uma vergonha, mas, estás desculpada pela idade e falta de exibição comercial ;)

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  8. ;)) Obrigada, anão gigante, já tomei nota dos dois últimos, também. Depois de os ver, dou aqui o meu feedback.

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  9. Se alguém me diz que nunca viu Woody Allen eu não lhes digo para verem os meus filmes favoritos dele, digo-lhes para verem o "Dias da Rádio" e o "Recordações", porque são filmes que te mostram bem o estado de espírito dele, a posição que ele tem do mundo, e no caso do "Dias da Rádio" o que o levou a fazer o que faz.

    No Amarcord a mesma coisa. É o filme perfeito para tu conheceres uma parte mais íntima do Fellini. É uma carta de amor às recordações dele, à terra dele, e às histórias por lá contadas. Da luta ao fascismo, passando pelo domínio mesquinho da igreja, até à profunda tentação de uma mulher.

    E tem a cena mais cómica de sempre, com o avó do protagonista a fazer exercício enquanto manda peidos, ou a mandar peidos enquanto exercita, não sei bem, na sala de jantar, onde, só por acaso, ninguém janta.

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  10. Certo. E Amarcord significa "eu recordo-me". Já está na minha lista.

    Quanto ao Woody Allen... ui... se te confessar o que vi dele, és capaz de nem me voltares a falar! :))

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  11. Anão gigante, foram os melhores 3 minutos e meio do meu início de dia. :) Como é que adivinhaste? No capítulo Allen, e apesar de todas as (muitas) dicas que me têm dado, estou determinada a começar por: Manhattan, Annie Hall e Ana e as suas irmãs.

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