quinta-feira, 21 de julho de 2011

A “pausa” hegeliana



Cerca de 15 anos em Oxford, como pacata esposa e mãe. Em fase embrionária estaria a líder política que respondeu ao apelo do seu país quando o momento (finalmente) chegou e se lançou na tentativa de o democratizar. E quanto mais não fosse, porque era filha do seu pai, o herói da independência nacional, assassinado aos 33 anos de idade.
Uma fase embrionária. Um estado latente (ao melhor estilo do devir hegeliano), que demorou 15 anos. 15 anos de espera, 15 anos de maturação. 15 anos de dúvidas também, com certeza (será para isto que estou destinada? serei para sempre a simples esposa de um académico oxfordiano? alguma vez voltarei ao meu país?). Mas, com a coincidência de estar no lugar certo, no momento certo (1988), estava na hora de romper com a espera e de responder a um desafio à sua altura.
Cerca de 15 anos foi também o tempo total de privação de liberdade a que foi condenada, repartidos por três períodos de detenção, boa parte deles em prisão domiciliária. Mais 15 anos de interrupção, 15 anos de injustiça, 15 anos de latente espera.
Porém, a “pausa” hegeliana, como sabemos, nunca foi passiva. O ser ontológico está em constante mutação, ainda que aparentemente suspenso. Portanto, os momentos de espera também são importantes. Os momentos de (aparente) pausa. Os momentos de (aparente) estagnação que nunca o são verdadeiramente. São apenas o tempo que leva para se tomar um novo (e mais forte) impulso.

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