sexta-feira, 11 de novembro de 2011

I will never be your stepping stone, take it all or leave me alone

Não querendo estabelecer comparações descabidas ou mesmo injustas, há um pensamento que me ocorre sempre que oiço músicas da Adele, da Duffy e da Amy Winehouse. (Bom, e da Pink também, mas não queria confessar aqui que presto atenção às letras desta. Mas se já confessei da Duffy também posso confessar desta. Adiante.) Note-se que não estou aqui a falar da qualidade musical de nenhuma delas. Mas o que afinal une esta trilogia de conspícuas vozes britânicas? Não é novidade nenhuma. Facilmente consegue-se detectar similaridades no teor das letras das músicas delas e distinguir um padrão. Todas foram escritas por mulheres jovens de vinte anos ou pouco mais, e todas elas repetem a mesma litania doentia:





Oh gajo, tu já não gostas de mim, não me ligas nenhuma e casaste-te com outra, I know it’s wrong hanging on too long, mas eu gosto de ti na mesma, e sofro, My tears dry on their own, e nunca te hei-de esquecer, e porque é que não me dás atenção, Never mind I’ll find someone like youuuuuuuuuuuuuu-uu, blá blá blá”.




Apetece dizer-lhes (bom, para a Amy, infelizmente, este espúrio conselho já não vai a tempo): Filhinhas, esqueçam lá isso. Arranjem um bom rapaz que vos mereça, que tenha alguma maturidade (enfim, a possível) e que vos dê toda a atenção necessária. (E giro, já agora. E que de vez em quando vos acompanhe a um bailado de Tchaikovsky, já que por ele vocês também apanham secas no Autódromo do Estoril ou no Estádio de Alvalade). Ou, se possível, joguem o olho ao pai divorciado do vosso anódino (ex-)namorado. Há cotas que até são jeitosos. E o que lhes falta em frescura e vigor sexual, sobra-lhes em estabilidade financeira e paciência para vos aturar as tonterías. Pronto.

10 comentários:

  1. Pronto, agora tocaste num assunto sensível *arregaçar de mangas*
    A Amy não tem a ver com as outras... talvez por ter a sorte de ser a primeira a trazer o feeling Aretha Franklin meets The Supremes, mas também porque não lhe dá a carga sofredora-impotente de dona-de-casa que as outras duas dão. Tem uma carga artística que quase consegue ter a alienação da Janis Joplin, o vicio/beleza do Ray Charles e um efeito dissecador à la Schopenhauer, num só. Ela alterna, entre o lado mais bonito do romance e o mais terrível e quase mórbido. É-de valor, caramba.
    A Tears dry on their own, ao contrário do que parece, é uma forma dela dar um 'chega para lá' a um rebound affair. Nessa letra ela "está por cima", vá, em linguagem Ragazza.
    E depois disto tudo, é que vem o dom da voz, que tem claro.

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  2. Querida Andorinha,
    às vezes apetece-me dizer-lhes isto com um megafone, mas depois acho que seria um bocado chato ;)
    Bjnhs!

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  3. Maria :)
    concordo com tudo! E eu própria não diria melhor, ela condensa tudo isso que disseste. Sem dúvida nenhuma. Por isso é que eu nem a queria comparar às outras.
    Mas a questão das letras é outra: acho que o tema de alguém de quem ela gosta e que não consegue esquecer de maneira nenhuma é um bocado repetitivo e persistente em todo o Back to Black, tal e qual como as miúdas de 20 anos fazem (no fundo, miúdas como ela, porque ela tinha essa idade quando compôs as músicas, claro).
    Bjnhs!

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  4. ah, bon, ah bon.
    Mas então existem muitas e muitos mais, que não são necessariamente donas-de-casa-produzidas-como-no-antigamente-mas-em-hollywood.
    Aliás, já dizia o Bardem/woody allen no Vicky Cristina Barcelona, que só as histórias de amor impossíveis podiam ser verdadeiramente românticas. E daí as maiores criações, não será? Claro que, para comunicar para o mainstream é preciso falar o mainstream, e o "ai que ele não gosta de mim vou-me mandar ao Tejo" é mais fácil de digerir do que "o amor é fogo que arde sem se ver".
    Há lá melhor fonte que um mau break-up... mas comum, essa dou-te de barato :)

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  5. Ora aí é que está, Maria! O que seria de nós se toda esta gente, as Amys, as Adeles, os Camões, os Jeff Buckleys, as Marilyns, se eles não tivessem amado, vivido e sofrido? Eles teriam vivido talvez mais contentinhos, e nós perderíamos grandes obras (umas maiores que outras ). Essa é que é a grande verdade: os maus break ups são muito criativos... São chatos, mas sempre se pode tirar algum proveito :))

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  6. O que eu mais gosto é q aos 20 anos já são todas mta vividas e mta sofridas, e sabem imenso da vida pq já tiveram umas histórias brutais...ya devem ter saltado directamente das barbies para as relações...
    Não sei, mas parece-me um bocadinho forçado.
    Existem casos/pessoas assim, bem sei...mas em produção em série, tipo linha de montagem, parece-me um pouco excessivo.

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  7. Me,
    também me parece sempre tudo muito exagerado. Nessa idade, já não estamos na adolescência, mas vive-se tudo com uma intensidade e um dramatismo que só visto. Uma das melhores coisas de se ter mais idade é isto passar e aprendermos a relativizar. Enfim, o possível. ;))

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