terça-feira, 13 de março de 2012

Jovem adulta



"Jovem Adulta", de Jason Reitman (2011).




Ora aqui está um filme que todos os homens à volta dos quarenta anos foram ver por causa da Charlize Theron, e que, na verdade, é realmente muito bom. Para além de confirmarmos que os anos 90 foram espectaculares e que a Mavis Gary (a personagem de Charlize Theron) também ouvia 4 Non Blondes e hoje usa botas Ugg, impõe-se dizer que este argumento de Diablo Cody (do filme “Juno”) está muito bem construído.
Mavis Gary é uma mulher de 37 anos que, atravessando uma crise pessoal e profissional, quer à viva força recuperar aquele que considera que foi o auge da sua vida: a popularidade que tinha no liceu, na sua pequena cidade natal. Como tal, tenta tudo para conquistar o ex-namorado da altura, Buddy Slade, que agora está… casado e tem uma filha de poucos meses. A certa altura, o amigo Matt pergunta a Mavis: “Porquê o Buddy?”. E ela responde: “Porque ele conheceu-me quando eu estava no meu melhor.
Eu não diria bem que isto é uma comédia dramática, como foi classificada, mas sim um magnífico drama atravessado por toques de um humor seco e subtil, com uma história que gira em torno de duas pessoas: Mavis Gary e o seu antigo colega de liceu, Matt Freehauf. Eles são a antítese um do outro, e ele, no liceu, movia-se nos antípodas do círculo social dela. Mas em comum têm o facto de, em virtude de vicissitudes pouco agradáveis na vida de cada um, se agarrarem ao que foram no passado e não conseguirem viver o presente e as perspectivas de futuro como eles devem ser vividos.
Este é, enfim, um filme sobre as expectativas em relação ao que se deve ter conquistado na vida até uma determinada idade, e sobre a possibilidade de reformular essas expectactivas quando elas ainda não estão cumpridas. Até porque não somos todos iguais e, no caso da Mavis, nem todos temos de ter como referência os horizontes pouco vastos de uma pequena cidade do interior – ideia que transparece de um dos diálogos decisivos do filme, entre Mavis e Sandra Freehauf, a irmã de Matt.
Em suma, e embora levada ao extremo, a Mavis Gary somos todos nós sempre que atravessámos uma pequena/grande crise nas nossas vidas. Seja aos 21, aos 37 ou aos 53 anos. Quem, numa fase menos boa da vida, nunca cedeu ao canto da sereia de reviver o “brilho” de um bom momento do passado? Quem nunca sentiu o apelo irresistível, nem que fosse por momentos, de imaginar o que poderia ter acontecido se tivéssemos feito outras opções, vivido noutros lugares, ter escolhido ficar com outras pessoas? Mavis Gary somos todos nós de vez em quando. Ou, pelo menos, uma vez na vida.
Gostei muito deste filmezinho, é muito interessante e proporciona algumas reflexões. Recomendo.

Sem comentários:

Enviar um comentário