quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Retratos

A Grande Depressão dos anos 30 que se seguiu ao crash da Bolsa de Nova Iorque em 29, sucedeu, por sua vez, a uma época de grande euforia social, cultural e financeira, de ritmos frenéticos, enfim, a uma dessas épocas de excessos que prenunciam quase sempre uma eminente decadência. São recorrentes as imagens de longas filas da sopa dos pobres e de uma depauperação generalizada. Mas pode-se evocar uma outra imagem, a de Florence Owens, fotografada por Dorothea Lange, em 1931. Florence era uma mulher de 32 anos, mãe de sete filhos, californiana, num momento muito difícil da sua vida precária (depois de ficar viúva não tinha onde viver, mudava-se frequentemente em busca de trabalho em condições muito duras, nunca abandonou os filhos). O rosto, que parece ter o dobro da idade real, é indubitavelmente triste, mas sem deixar de transparecer tenacidade. Era lutadora, reconheceram os filhos mais tarde, e fez tudo por eles. Teve uma vida difícil e longa, morreu em 1983. Ao que parece, nunca desistiu.

6 comentários:

  1. A força em momentos difíceis é um dos grandes avaliadores de carácter de todos. Mas porra, não é preciso testar tanta gente, tantas vezes...

    Grandes fotografias mesmo. Não conhecia. 32... falta-me um... é impressionante olhar para ela. E ao mesmo tempo há ali uma extraordinária beleza.

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  2. Já leste 'As Vinhas da Ira', do Steinbeck?

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  3. É não é, Miguelito? Força e beleza, num cenário desolador. Estas fotos fazem parte de uma série de seis, chamada Migrant Mother. Se gostaste, podes ver as restantes aqui:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Florence_Owens_Thompson

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  4. Infelizmente, não li, Miguel. O Steinbeck é para mim um bocado como o Hemingway, masculino demais :)

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  5. Muito parecida com a história da minha mãe, mas acrescenta mais 3 filhos à trama. Não é à toa que encho boca e coração para falar dela, claro :P

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  6. É uma ternura ver um filho ou filha falar assim. E se assim dizes, é porque ela merece tudo, Carina. :)
    Um beijinho.

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