quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
Mudando de disco
Que é como quem diz, de tema de conversa: o "Still Loving You" dos Scorpions é a música mais deprimente que o ouvido humano jamais experienciou, em todos os tempos. É uma espécie de holocausto auditivo: ouve-se e perde-se instantaneamente a vontade de viver. E, ainda assim, continua impunemente a fazer vítimas, assaltando uma pessoa desprevenida no rádio do carro.
terça-feira, 28 de janeiro de 2014
E para os Unicórnios da AAC, não vai, nada, nada, nada?
Bem, no meio de acesas discussões sobre praxes que para aí andam, uma coisa é certa: ao contrário de muita gente por aí, que defende o Mundo com a cara zangada do Álvaro Cunhal ou coisa que o valha, a Praxe que vivi em Coimbra não me retirou o sentido de humor, nem fico amarga com este assunto (se alguma coisa a minha Academia me ensinou foi a ter sentido de humor): este post foi um bom clímax para o dia de hoje. Rir faz tão bem, pá!! E, como muito bem me disse a minha douta amiga: Unicórnios para nós!!!
Dossier praxe (4)
Outra coisa que me preocupa quando se fala em praxes: é que, às vezes, a abordagem é quase a mesma daquela que os paizinhos actualmente têm com os professores das suas crianças. Ninguém lhes pode dizer nada. Ninguém os pode repreender. Ninguém pode levantar-lhes a voz. Os meninos podem ficar traumatizados. Com os caloiros das universidades também. Ninguém lhes pode dar um berro, ou mandar fazer qualquer coisa (estou a excluir todas as situações aviltantes e afins, bem entendido), porque podem ser prejudiciais. Ora façam-me um favor: estamos a falar de gente adulta, certo?
Então, perante isto, só terei uma coisa a dizer: as novas gerações devem estar a ser super-protegidas ou coisa do género. Estão a formar-se gerações de pessoas a quem não se lhes pode dizer nada, que quebram como cristais, que são flores de estufa, desde o jardim infantil até ao ensino superior. Visto assim, uma praxe ainda deverá provavelmente ter a vantagem de ser a última experiência em que o caloiro sabe, com hora marcada, de antemão, que vai ter ali uma situação menos confortável. Porque, e digo-o com experiência, no mundo profissional, meus amigos, os berros dos chefes, as pressões dos patrões, as chatices e os golpes baixos dos outros colegas, não têm hora marcada: virão quando menos eles esperarem. Se nunca estiverem minimamente preparados, se nunca estiverem psicologicamente fortes, terão muito que aprender. A universidade também serve para isso: confrontar a pessoa com uma hierarquia (será a única forma de aprender a lidar com uma hierarquia? claro que não, mas dá uma ajuda), e prepará-la para o futuro.
Então, perante isto, só terei uma coisa a dizer: as novas gerações devem estar a ser super-protegidas ou coisa do género. Estão a formar-se gerações de pessoas a quem não se lhes pode dizer nada, que quebram como cristais, que são flores de estufa, desde o jardim infantil até ao ensino superior. Visto assim, uma praxe ainda deverá provavelmente ter a vantagem de ser a última experiência em que o caloiro sabe, com hora marcada, de antemão, que vai ter ali uma situação menos confortável. Porque, e digo-o com experiência, no mundo profissional, meus amigos, os berros dos chefes, as pressões dos patrões, as chatices e os golpes baixos dos outros colegas, não têm hora marcada: virão quando menos eles esperarem. Se nunca estiverem minimamente preparados, se nunca estiverem psicologicamente fortes, terão muito que aprender. A universidade também serve para isso: confrontar a pessoa com uma hierarquia (será a única forma de aprender a lidar com uma hierarquia? claro que não, mas dá uma ajuda), e prepará-la para o futuro.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
Dossier praxe (3)
Em geral, penso que a praxe é injustamente vista de uma forma muito negativa. Isso deve-se, por um lado, porque muita praxe mal feita é feita em Lisboa. E, já se sabe, tudo o que é feito em Lisboa, é ampliado e grosseiramente generalizado para o resto do País. E em parte, deve-se também à comunicação social, que filtra totalmente a informação consoante o que lhe é mais conveniente (veja-se a TVI na reportagem da semana passada). É claro que os órgãos de comunicação social dão sempre mais ênfase às situações polémicas e problemáticas que as praxes acarretam, do que às praxes que se resumem a brincadeiras e convívio, razoáveis, saudáveis, divertidas e civilizadas, que fomentam a camaradagem e a integração do aluno na Academia (não é que não haja excepções, como tem acontecido em Coimbra, mas para isso é que há Conselhos de Veteranos). Obviamente, porque esta parcialidade interessa à comunicação social. É da mesma forma que, em algumas manifestações de estudantes, em vez de darem a palavra aos estudantes que tinham declarações pertinentes a fazer, só entrevistavam o estudante que tinha o garrafão na mão (que faz sempre as delícias de todos os repórteres, claro).
Dossier praxe (2)
Fico sempre aborrecida quando, volta e meia (e agora por causa do que sucedeu no Meco com estudantes universitários), surge a polémica das praxes e há sempre muita gente a sugerir a sua proibição. E cai-se invariavelmente nas generalizações fáceis e toma-se a parte pelo todo. Isto é, parte-se do princípio que as praxes são todas iguais (e são sempre más). Ora, as praxes não são todas iguais, e é sempre bom recordar isso.
Tenho imensos amigos que estudaram em Lisboa e em universidades ou institutos relativamente recentes, e compreendo perfeitamente que essas pessoas (sobretudo de Lisboa e arredores) abominem a praxe, e que a achem execrável. É lamentável, mas eu entendo-os. Porque aí, o que assistimos na maior parte das vezes, são praxes que foram forjadas, copiadas, imitadas, aplicadas sem regras e sem limites. São praxes com excessos, arbitrárias, selváticas e quase vingativas, até. Não têm nenhum objectivo, senão humilhar. Aliás, nem sequer tradição nem fundamento têm: não é por acaso que os abusos nas praxes são quase sempre em instituições que não têm qualquer tradição académica.
E aqui dou o bom exemplo (não é perfeito, mas ainda assim é bom) da Universidade de Coimbra. Eu fui estudante da Universidade de Coimbra, com muito orgulho e saudade, e a Praxe que eu conheço é a Praxe de Coimbra: a verdadeira, a genuína. E que não é por acaso é uma das mais civilizadas, tendo sido criada há centenas de anos com um propósito e um sentido (que continuam a existir): a integração. Tudo isto porque está devidamente regulamentada e limitada pelo Código da Praxe (o que sucedeu no Meco, por exemplo, nunca sucederia em Coimbra porque simplesmente nem sequer é permitida a praxe fora dos limites da cidade). E esse Código não é uma brochura agrafada e mal-amanhada, inspirada noutro documento: é uma coisa séria, que tem um propósito e que é para ser cumprida. (E eu sei que em outras instituições de ensino superior também assim é.)
Como tal, posso assegurar que defendo a Praxe porque ela pode ser entendida e vivida como algo de positivo e integrador. Foi assim que eu, e outros milhares de alunos, a vivemos. Portanto, sim, sou totalmente pela praxe, mas obviamente não pelas barbaridades que para aí proliferam. A este respeito, podem ler já agora, este post da minha amiga Andorinha, também ela antiga estudante de Coimbra, que sabe expor este assunto melhor que ninguém.
Tenho imensos amigos que estudaram em Lisboa e em universidades ou institutos relativamente recentes, e compreendo perfeitamente que essas pessoas (sobretudo de Lisboa e arredores) abominem a praxe, e que a achem execrável. É lamentável, mas eu entendo-os. Porque aí, o que assistimos na maior parte das vezes, são praxes que foram forjadas, copiadas, imitadas, aplicadas sem regras e sem limites. São praxes com excessos, arbitrárias, selváticas e quase vingativas, até. Não têm nenhum objectivo, senão humilhar. Aliás, nem sequer tradição nem fundamento têm: não é por acaso que os abusos nas praxes são quase sempre em instituições que não têm qualquer tradição académica.
E aqui dou o bom exemplo (não é perfeito, mas ainda assim é bom) da Universidade de Coimbra. Eu fui estudante da Universidade de Coimbra, com muito orgulho e saudade, e a Praxe que eu conheço é a Praxe de Coimbra: a verdadeira, a genuína. E que não é por acaso é uma das mais civilizadas, tendo sido criada há centenas de anos com um propósito e um sentido (que continuam a existir): a integração. Tudo isto porque está devidamente regulamentada e limitada pelo Código da Praxe (o que sucedeu no Meco, por exemplo, nunca sucederia em Coimbra porque simplesmente nem sequer é permitida a praxe fora dos limites da cidade). E esse Código não é uma brochura agrafada e mal-amanhada, inspirada noutro documento: é uma coisa séria, que tem um propósito e que é para ser cumprida. (E eu sei que em outras instituições de ensino superior também assim é.)
Como tal, posso assegurar que defendo a Praxe porque ela pode ser entendida e vivida como algo de positivo e integrador. Foi assim que eu, e outros milhares de alunos, a vivemos. Portanto, sim, sou totalmente pela praxe, mas obviamente não pelas barbaridades que para aí proliferam. A este respeito, podem ler já agora, este post da minha amiga Andorinha, também ela antiga estudante de Coimbra, que sabe expor este assunto melhor que ninguém.
Dossier praxe
Ultimamente, e por causa do que aconteceu no Meco a alguns estudantes universitários, voltámos novamente ao debate das praxes, e surgiram, como sempre, vozes radicais a defenderem a sua abolição. Como eu sempre defendi a Praxe (mas não uma praxe qualquer, como já irão ver), vamos ter aqui um breve “Dossier praxe”. Podem participar à vontade, as diferentes opiniões são sempre bem-vindas, desde que respeitosas.
A RTP exibiu este fim-de-semana documentários sobre a praxe, nos quais predominavam as praxes descabidas e violentas (com excepção de uma trupe feminina em Coimbra, pacífica e ordeira), e a TVI, muito ao seu estilo, fez, na passada sexta-feira, aquilo a que chamou de uma “investigação”, que se resumiu a deixar transparecer que:
1) é “muito estranho” e quase “fanático” as alunas trajadas da Lusófona não poderem usar brincos, nem maquilhagem, nem anéis, nem sapatos com mais de três centímetros. 2) os rituais de praxe são “macabros” (salas escuras e gente a atirar-se para piscinas) 3) a praxe é uma coisa assustadora e negativa;
Vamos por partes. Pessoas, eu própria, juntamente com tantas dezenas de gerações de raparigas desde o início do séc. XX, seguimos a Praxe de Coimbra, e as regras para o traje feminino sempre foram exactamente as mesmas (ou seja, a Lusófona plasmou as suas regras a partir do Código da Praxe da Universidade de Coimbra). E, que eu saiba, nunca ninguém achou isto macabro ou sinistro ou prejudicial. A simplicidade ao envergar o traje serve para “uniformizar” os alunos e despojá-los de coisas supérfluas no momento de se exercer a praxe. Há alguma coisa de mal nisto? Não me parece. Qualquer grupo profissional ou desportivo ou qualquer organização ou colégio particular com uniforme/farda própria, ou até mesmo uma confraria, têm os seus modelos de vestuário padronizados. Servem para criar uma identidade de grupo. Que eu saiba, nunca ninguém morreu ou ficou traumatizado por usar sapatos com salto baixo (só se for por serem um bocado horrendos, e eu nisso admito que realmente não são a coisa mais fashion à face da Terra). :)
Pessoas, nada do que vi dos relatórios investigados pela TVI me soou a macabro ou sinistro: nada me surpreendeu, o que vi foram coisas absolutamente normais que há em qualquer grupo que tenha rituais de iniciação, pelo Mundo fora, desde a Maçonaria, passando pelas fraternities universitárias norte-americanas, até aos estudantes que pretendam entrar na Orxestra Pitagórica, por exemplo (e que eu saiba nenhum deles morreu) – qualquer sociólogo ou antropólogo consegue explicar isto. Eu própria segui o Código da Praxe de Coimbra durante vários anos, e nada disto foi alguma vez considerado estranho.
Por último, a praxe só é negativa e contra-producente se as pessoas envolvidas (os que a aplicam e os outros) a interpretarem e aplicarem de forma negativa e contra-producente. Tal como veremos nos próximos posts. (Continua)
sexta-feira, 24 de janeiro de 2014
Às vezes, na Bahia, também chove
Mas é uma chuva quente e boa, que vem por bem. Uma boa opção é metermo-nos num tanque de banho romano com água a 38º graus. E relaxar, esquecer o mundo, sentir intensamente o momento.
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
E o que é que a baiana tem?
Que tem como ninguém? Bem, eu não sei o que elas têm, nem o que a Carmen Miranda queria dizer com isto. Mas... cuidado que elas mordem! Isto é, quando fotografadas sem autorização… (Em Salvador, algumas baianas são modelos, e outras são pagas por lojas turísticas. Estas últimas são um doce de senhoras, mas às primeiras temos de pagar para tirarmos fotos com elas. E se não pagarmos...)
quarta-feira, 22 de janeiro de 2014
Mom and me time
Jared Leto, 42 anos (incrivelmente bem conservados), levou a sua mãe como acompanhante aos SAG Awards. Ambos surpreendem pelas suas belas melenas inesperadas.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
On the other side
"Across the broad continent of a woman's life falls the shadow of a sword. On one side all is correct, definite, orderly; the paths are straight, the trees regular, the sun shaded; escorted by gentlemen, protected by policemen, wedded and buried by clergymen, she has only to walk demurely from cradle to grave and no one will touch a hair of her head. But on the other side all is confusion. Nothing follows a regular course. The paths wind between bogs and precipices; the trees roar and rock and fall in ruin."
Viriginia Woolf
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
In the mood
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor (...) É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor. Para viver um grande amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade. (Vinícius de Morais)
terça-feira, 14 de janeiro de 2014
Timeless
Se eu alinhasse numa daquelas polarizações a la Pedro Mexia, diria que o mundo se divide entre aqueles que nunca prescidiram de usar relógio de pulso, e aqueles que o substituíram pelo telemóvel. Eu pertencerei sempre aos primeiros.
Ai, Lord Gillingham, Lord Gillingham...
Até que enfim um inglês que não tem cara de copo de leite desenxabido. Ah, espera, não é inglês, é galês. É isso que faz toda a diferença.
Rise and shine
Ao fim-de-semana, este pequeno-almoço absolutamente delicioso (e saudável, é importante acrescentar) tornou-se o meu ritual. Até acordo com mais energia só de pensar nele.
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Praia do Forte
O vilarejo de Praia do Forte, algures entre Guarajuba e Imbassaí, é dos sítios mais amorosos que eu conheci. Aliás, charmoso é a palavra certa. É muito charmoso, como dizem, e muito bem, os brasileiros. Faz lembrar uma pequena Sirmione em versão tropical e rústica. Tudo muito tranquilo e arrumadinho, ruazinhas pequenas, com muitas lojinhas tradicionais, restaurantes típicos, muita vegetação luxuriante, e a perene e reconfortante proximidade do mar.
As crianças jogam à bola na pracinha |
Este grupo de pessoas, ao longe, está a deitar tartarugas pequenas ao mar:
sexta-feira, 10 de janeiro de 2014
Ressacar jenipapo
Comprei no célebre Mercado Modelo uns doces de jenipapo, um bocado desconfiada. Logo ali na loja, deram-me a provar (juntamente com uma cocada com mel) e convenceu-me (a cocada nem tanto). Big mistake. Gostei tanto disto, mas tanto, que agora não há cá e eu estou a ressacar jenipapo.
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Saboreando Salvador - devagar
Vamos saboreando a Bahia - devagar. Muito de-va-gar. Ao ritmo peculiar das suas gentes, da sua cultura e do seu clima.
Salvador foi a primeira capital brasileira e as pessoas que lá nascem chamam-se soteropolitanos (para se distinguirem dos de El Salvador).
A Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus |
E este é o Terreiro de Jesus, onde também estão situados a antiga Sé de Salvador, o Convento e a Igreja de S. Francisco (famosa por estar toda revestida em talha dourada), e onde foi instalada a primeira faculdade de Medicina do país:
Se tirássemos as árvores, esta praça poderia estar em qualquer cidade de Portugal. Mas está no coração de Salvador da Bahia. Chegar a um país tão longe do nosso, tão diferente em tanta coisa e, no entanto, termos uma ponte infalível (o património linguístico e cultural em comum), continua a ser, para mim, uma das coisas mais admiráveis e nunca cessa de me surpreender. (E ainda bem, a capacidade de nos surpreendermos incessantemente é sempre um ingrediente fundamental para quem viaja. Significa ter a constante disponibilidade para absorver o que é novo e novas perspectivas do que não é novidade.)
Com a proximidade da língua e da cultura, é inevitável que para mim o Brasil tenha ficado a ser (juntamente com as pessoas com quem lá me cruzei), uma extensão (boa, adocicada, exótica e quente) de Portugal.
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
Brasiuuuuuuuuu
Para a minha primeiríssima abordagem ao Brasil escolhi, inevitavelmente, a Bahia. Depois, aos poucos, quero conhecer muito mais do Brasil, mas desta vez tinha que ser a Bahia. A Bahia é um caldeirão cultural efervescente (não tanto como o caldeirão do Huck, mas é o que se arranja). Terra de uma mística incrível, de miscigenação cultural (com resultados fantásticos), de sincretismo religioso, de gastronomia maravilhosa. Culturalmente, é um dos estados brasileiros mais ricos. Representa a fusão e um encontro cultural da América do Sul, da África e da Europa. É a terra de Jorge Amado, de Gilberto Gil, Caetano e Maria Bethânia.
Também é o estado mais africano do Brasil. Sente-se ali África nos sons telúricos e intrigantes do berimbau nas rodas de capoeira, nos cheiros fortes da comida condimentada, na pele dos rostos sorridentes, no misticismo das gentes, no calor (climático e humano) que parece envolver tudo como uma película invisível. Lá, há um sincretismo, uma mística e uma espiritualidade insuperáveis. E tudo isto se reflecte num património histórico-cultural e artístico assinalável. E – claro – quem quero eu enganar? Tem mar e coqueiros e sol e praias fabulosas, isso sim.
O que há na Bahia que não se goste? Não sei. Fiquei absolutamente apaixonada e rendida.
(Este é apenas o primeiro de vários posts sobre o bocadinho de Brasil que me foi dado conhecer. Isto vai dar muito pano para muitas mangas. Porque a minha Bahia merece.)
Também é o estado mais africano do Brasil. Sente-se ali África nos sons telúricos e intrigantes do berimbau nas rodas de capoeira, nos cheiros fortes da comida condimentada, na pele dos rostos sorridentes, no misticismo das gentes, no calor (climático e humano) que parece envolver tudo como uma película invisível. Lá, há um sincretismo, uma mística e uma espiritualidade insuperáveis. E tudo isto se reflecte num património histórico-cultural e artístico assinalável. E – claro – quem quero eu enganar? Tem mar e coqueiros e sol e praias fabulosas, isso sim.
O que há na Bahia que não se goste? Não sei. Fiquei absolutamente apaixonada e rendida.
(Este é apenas o primeiro de vários posts sobre o bocadinho de Brasil que me foi dado conhecer. Isto vai dar muito pano para muitas mangas. Porque a minha Bahia merece.)
Mixórdia de tradições II
Mais tradições que adoptei:
- servir vinho quente com especiarias, nos dias frios (é uma tradição germânica, nórdica e adoptada também pelos ingleses: o mulled wine): fácil de fazer, delicioso e cai maravilhosamente bem no Inverno (tem a vantagem de não embebedar ninguém). Quis experimentar isto desde que, na adolescência, li “O Monte dos Vendavais”, para aí há três vidas atrás. No livro, algumas personagens tomavam esta bebida e a mim, jovem impressionável, pareceu-me fascinante.
- servir vinho quente com especiarias, nos dias frios (é uma tradição germânica, nórdica e adoptada também pelos ingleses: o mulled wine): fácil de fazer, delicioso e cai maravilhosamente bem no Inverno (tem a vantagem de não embebedar ninguém). Quis experimentar isto desde que, na adolescência, li “O Monte dos Vendavais”, para aí há três vidas atrás. No livro, algumas personagens tomavam esta bebida e a mim, jovem impressionável, pareceu-me fascinante.
- no Natal mantem-se o bacalhau, mas o peru foi reinventado: é enrolado em pasta de ameixa, azeitonas e broa, acompanhado por legumes assados e couscous (e também tâmaras) – é delicioso e dá um toque diferente e exótico.
- nos dias de Natal, sai-se, passeia-se, viaja-se. Para fora da cidade ou do país, e de preferência para sítios quentes. Não se fica em casa a fazer horrores de comida e doces que davam para alimentar um país africano durante um ano. Não. A vida é para ser gozada e celebrada e, para nós, gozar e celebrar não é comer até rebentar e depois vegetar no sofá a ver o “Sozinho em Casa” ou o “Música no Coração”.
- sopa de lentilhas no primeiro dia do ano: é uma tradição italiana/brasileira (na verdade, foram os emigrantes italianos do século XIX que a levaram para o Brasil) e o seu significado simbólico é abundância e prosperidade. E, claro, as lentilhas dão muita força (não era à toa que os egípcios as colocavam nas rações dos escravos). :)
- não há prendas, quando muito há a abertura de uma lembrança simbólica na véspera de Natal, para nos focarmos naquilo que é realmente essencial. Depois, quem quiser oferecer (poucos) presentes, aproveita os saldos e oferece-se no Dia de Reis. Isto faz prolongar a quadra festiva (para quem gosta dela, como eu), e tem muito mais sentido trocar prendas no dia que comemora a chegada dos Reis Magos. (A melhor parte: compras nos saldos, preços pela metade.)
(E portanto, para mim, este fim-de-semana de Reis, vai ser mais um fim-de-semana especial.)
Mixórdia de tradições
Não será tanto uma mixórdia de temáticas como o nosso querido RAP diz, mas é uma mixórdia de tradições. Há uns anos, comecei a reparar que havia uma lacuna em termos de tradições no meu Natal (tirando a árvore e o desgraçado do bacalhau, que já está tão batido). Como é importante ser-se criativo e dar substância às coisas, abracei e incorporei eu própria uma série de tradições. Escolhi algumas que me parecem fazer sentido e outras que são mais próximas do meu coração. E outras porque são bonitas, simples, inócuas e benéficas.
Se em Portugal ao longo dos anos temos assistido serenamente à importação de tradições que se enraizaram como ervas daninhas como o S. Valentim, o samba no Carnaval ou o Halloween, porque não adoptar outras tantas que são saudáveis e não fazem mal nenhum (pelo contrário)? Eu adoptei novas tradições. E naquelas que dizem mais respeito à família, tenho a grande sorte de a minha ser muito prá frentex, e as ideias foram acolhidas.
Ei-las (tradições de Natal e não só):
- O Remembrance Day: eu cresci a ouvir histórias de um avô e de um bisavô que combateram entre 1914-18, na Primeira Guerra Mundial, que não foi menos violenta nem menos sangrenta que a Segunda, muito pelo contrário. O segundo domingo de Novembro serve para homenagear e nunca deixar cair no esquecimento os nossos familiares e tantos outros que lutaram em conflitos armados.
- Acção de Graças: não é servir peru, nem fazer disto uma solenidade (ou um filme de Hollywood). É uma simples reunião de amigos e/ou família, num fim-de-semana do final de Novembro. Marca o início da quadra natalícia (compensando de alguma forma o facto de certas famílias terem que se dividir no Natal) e serve para agradecer estarmos juntos e o que temos de bom. A expressão de gratidão é salutar e nunca fez mal a ninguém. O dia de Acção de Graças é uma win-win situation, cá é que ainda ninguém viu isso (com olhos de ver).
- acender as quatro velas do Advento, nos quatro domingos antes do Natal. Um costume que existe cá, mas que é uma tradição socialmente muito mais arreigada na Escandinávia: é bonita, muito singela e permite começar a assumir verdadeiramente o espírito de Natal em casa.
- em Dezembro ou Janeiro vai-se ver um espectáculo qualquer. Um bailado, um concerto, uma peça de teatro, qualquer coisa bela e inspiradora (tudo menos circo, needless to say).
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
Sim
É como canta a Vanessa da Mata:
E hoje nos lembramos sem nenhuma tristeza
Dos foras que a vida nos deu
Ela com certeza
Estava juntando você e eu
E hoje nos lembramos sem nenhuma tristeza
Dos foras que a vida nos deu
Ela com certeza
Estava juntando você e eu
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