Fico sempre aborrecida quando, volta e meia (e agora por causa do que sucedeu no Meco com estudantes universitários), surge a polémica das praxes e há sempre muita gente a sugerir a sua proibição. E cai-se invariavelmente nas generalizações fáceis e toma-se a parte pelo todo. Isto é, parte-se do princípio que as praxes são todas iguais (e são sempre más). Ora, as praxes não são todas iguais, e é sempre bom recordar isso.
Tenho imensos amigos que estudaram em Lisboa e em universidades ou institutos relativamente recentes, e compreendo perfeitamente que essas pessoas (sobretudo de Lisboa e arredores) abominem a praxe, e que a achem execrável. É lamentável, mas eu entendo-os. Porque aí, o que assistimos na maior parte das vezes, são praxes que foram forjadas, copiadas, imitadas, aplicadas sem regras e sem limites. São praxes com excessos, arbitrárias, selváticas e quase vingativas, até. Não têm nenhum objectivo, senão humilhar. Aliás, nem sequer tradição nem fundamento têm: não é por acaso que os abusos nas praxes são quase sempre em instituições que não têm qualquer tradição académica.
E aqui dou o bom exemplo (não é perfeito, mas ainda assim é bom) da Universidade de Coimbra. Eu fui estudante da Universidade de Coimbra, com muito orgulho e saudade, e a Praxe que eu conheço é a Praxe de Coimbra: a verdadeira, a genuína. E que não é por acaso é uma das mais civilizadas, tendo sido criada há centenas de anos com um propósito e um sentido (que continuam a existir): a integração. Tudo isto porque está devidamente regulamentada e limitada pelo Código da Praxe (o que sucedeu no Meco, por exemplo, nunca sucederia em Coimbra porque simplesmente nem sequer é permitida a praxe fora dos limites da cidade). E esse Código não é uma brochura agrafada e mal-amanhada, inspirada noutro documento: é uma coisa séria, que tem um propósito e que é para ser cumprida. (E eu sei que em outras instituições de ensino superior também assim é.)
Como tal, posso assegurar que defendo a Praxe porque ela pode ser entendida e vivida como algo de positivo e integrador. Foi assim que eu, e outros milhares de alunos, a vivemos. Portanto, sim, sou totalmente pela praxe, mas obviamente não pelas barbaridades que para aí proliferam. A este respeito, podem ler já agora, este post da minha amiga Andorinha, também ela antiga estudante de Coimbra, que sabe expor este assunto melhor que ninguém.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
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