Ultimamente, e por causa do que aconteceu no Meco a alguns estudantes universitários, voltámos novamente ao debate das praxes, e surgiram, como sempre, vozes radicais a defenderem a sua abolição. Como eu sempre defendi a Praxe (mas não uma praxe qualquer, como já irão ver), vamos ter aqui um breve “Dossier praxe”. Podem participar à vontade, as diferentes opiniões são sempre bem-vindas, desde que respeitosas.
A RTP exibiu este fim-de-semana documentários sobre a praxe, nos quais predominavam as praxes descabidas e violentas (com excepção de uma trupe feminina em Coimbra, pacífica e ordeira), e a TVI, muito ao seu estilo, fez, na passada sexta-feira, aquilo a que chamou de uma “investigação”, que se resumiu a deixar transparecer que:
1) é “muito estranho” e quase “fanático” as alunas trajadas da Lusófona não poderem usar brincos, nem maquilhagem, nem anéis, nem sapatos com mais de três centímetros. 2) os rituais de praxe são “macabros” (salas escuras e gente a atirar-se para piscinas) 3) a praxe é uma coisa assustadora e negativa;
Vamos por partes. Pessoas, eu própria, juntamente com tantas dezenas de gerações de raparigas desde o início do séc. XX, seguimos a Praxe de Coimbra, e as regras para o traje feminino sempre foram exactamente as mesmas (ou seja, a Lusófona plasmou as suas regras a partir do Código da Praxe da Universidade de Coimbra). E, que eu saiba, nunca ninguém achou isto macabro ou sinistro ou prejudicial. A simplicidade ao envergar o traje serve para “uniformizar” os alunos e despojá-los de coisas supérfluas no momento de se exercer a praxe. Há alguma coisa de mal nisto? Não me parece. Qualquer grupo profissional ou desportivo ou qualquer organização ou colégio particular com uniforme/farda própria, ou até mesmo uma confraria, têm os seus modelos de vestuário padronizados. Servem para criar uma identidade de grupo. Que eu saiba, nunca ninguém morreu ou ficou traumatizado por usar sapatos com salto baixo (só se for por serem um bocado horrendos, e eu nisso admito que realmente não são a coisa mais fashion à face da Terra). :)
Pessoas, nada do que vi dos relatórios investigados pela TVI me soou a macabro ou sinistro: nada me surpreendeu, o que vi foram coisas absolutamente normais que há em qualquer grupo que tenha rituais de iniciação, pelo Mundo fora, desde a Maçonaria, passando pelas fraternities universitárias norte-americanas, até aos estudantes que pretendam entrar na Orxestra Pitagórica, por exemplo (e que eu saiba nenhum deles morreu) – qualquer sociólogo ou antropólogo consegue explicar isto. Eu própria segui o Código da Praxe de Coimbra durante vários anos, e nada disto foi alguma vez considerado estranho.
Por último, a praxe só é negativa e contra-producente se as pessoas envolvidas (os que a aplicam e os outros) a interpretarem e aplicarem de forma negativa e contra-producente. Tal como veremos nos próximos posts. (Continua)
Foste recuperar um post do qual já não me lembrava.
ResponderEliminarNão escrevo sobre isto desta vez pq é incrível como nós temos um conceito tão diferente de praxe e academia do resto do País inteiro, e que é absolutamente incompreensível a outros. E a minha especialidade não é pregar aos peixes, mas se quiseres deixar a tua achega, tens aqui o link pra caixa de comentários da Luna onde disse o que pensava pq esta cena da malta anti-praxe está muito exaltada e mexe-me muito muito com os nervos.
http://horas-perdidas.blogspot.nl/2014/01/eu-nao-ia-dizer-umas-coisas-sobre-praxes.html
Parabéns pela paciência e por teres encontrado um post meu do qual já nem me lembrava :D
Beijinhos!
para o dux veteranorum são "cópias mal feitas" daquilo que é a praxe de Coimbra. João Luís Jesus, que preside às reuniões do Conselho de Veteranos (órgão que regula a praxe em Coimbra), está convencido de que é a falta de identidade e tradição que leva outras universidades e politécnicos a tentar copiar o que se faz em Coimbra, mas com "desvios".
ResponderEliminarAqui: http://www.ionline.pt/artigos/portugal/reitores-estudantes-contra-proibicao-das-praxes/pag/2
Linda, por acaso é a primeira vez que me pronuncio sobre a praxe aqui no blog, e apeteceu-me alongar-me sobre isto, porque já vejo demasiados extremismos: quer dos que não a sabem aplicar quer pelos radicais que a querem abolir.
ResponderEliminarJá li e comentei a caixa de comentários da Luna, e subscrevo o que muito bem dizes: há dois tipos de pessoas, os que estudaram em Coimbra e os outros. Falamos línguas diferentes.
Bjnhs!
PS: obrigada pelo artigo do Dux: subscrevo-o totalmente, reflecte bem o que eu penso disto.
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