Irrita-me um bocadinho esta cultura climática que se tem vindo a impor (muito subsidiária das marcas internacionais de “moda democratizada”, rainhas do franchising) em que, em pleno Inverno, quanto maior a quantidade de pele exposta, melhor, porque também maior (supostamente) a carga sensual do conjunto.
As mulheres (jovens) devem vestir a menor quantidade de roupa possível, sobretudo nos códigos de vestuário da sociabilidade nocturna, seja de que natureza for.
E mesmo de dia: em Janeiro, vejo passar adolescentes a caminho da escola secundária, com a barriga à mostra e a aguentarem, estoicamente, os 6 graus matutinos, envergando somente um blusão justo (que observa cuidadosamente as regras do justo-e-curto para permitir o vislumbre do decote – adeus golas altas!), desprezando, alegremente, o risco da pneumonia e o empecilho de um casaco comprido (que, claro, aqueceria muito mais, mas não deixa o rabo convenientemente exposto à apreciação de terceiros, o que seria, isso sim, uma chatice). Nas Queimas das Fitas é vê-las desfilar em top’s de alças (exactamente como num dia de Agosto, com a pequena diferença de serem ao ar livre, em noites frias e chuvosas de Maio).
Lema: gaja que quer estar vestida (despida) à altura do acontecimento, rapa frio nas estações frias do ano, ponto final.
Ora bem: nem o aquecimento global é assim tão dramático que tenha tornado Portugal num clima tropical de eterno Verão, nem, com a tal história do clima temperado, as casas e demais espaços interiores estão assim tão bem aquecidos, como todos sabemos.
É, portanto, um espectáculo desconcertante para o espectador atento ver o desequilíbrio dos pares, no que à indumentária diz respeito: as festas, os bares, os restaurantes, estão repletos de homens confortáveis, invejavelmente vestidos com blusões e/ou camisolas de manga comprida, não raro de malha, e mulheres a tiritar de frio com um único casaco de Inverno a cobrir um qualquer trapo (mínimo) de cetim ou algodão de manga à cava. Como se estivessem 28 graus centígrados, quando, na realidade, estão uns 7 graus à noite.
Claro que, quem não quer seguir a ditadura, tem bom remédio. Mas isso é fácil de dizer. Esta ditadura (porque é de ditadura da moda que se trata) tem-se acentuado nos últimos anos, e para a qual muito têm contribuído os mostradores das tais grandes lojas, que praticamente só oferecem blusas finíssimas, sem mangas e sem costas, em todas as colecções de Outono/Inverno – as peças de roupa que há uns dez anos atrás estariam apenas nas colecções primaveris. De tal modo, que se torna difícil conciliar o vestuário “bonito” com o “confortável e quente” quando se quer fugir aos padrões da roupa de dia, “de trabalho”. Até porque o frio e o ser-se friorento, são ideias que se associam cada vez mais à ideia de velho, bafiento, e o que está na moda é ser-se novo, cheio de saúde, logo, encalorado.
Não admira, portanto, que haja por aí muita garota a rir despropositadamente à noite: são os esgares de enregelamento. Não duvidem.
As mulheres (jovens) devem vestir a menor quantidade de roupa possível, sobretudo nos códigos de vestuário da sociabilidade nocturna, seja de que natureza for.
E mesmo de dia: em Janeiro, vejo passar adolescentes a caminho da escola secundária, com a barriga à mostra e a aguentarem, estoicamente, os 6 graus matutinos, envergando somente um blusão justo (que observa cuidadosamente as regras do justo-e-curto para permitir o vislumbre do decote – adeus golas altas!), desprezando, alegremente, o risco da pneumonia e o empecilho de um casaco comprido (que, claro, aqueceria muito mais, mas não deixa o rabo convenientemente exposto à apreciação de terceiros, o que seria, isso sim, uma chatice). Nas Queimas das Fitas é vê-las desfilar em top’s de alças (exactamente como num dia de Agosto, com a pequena diferença de serem ao ar livre, em noites frias e chuvosas de Maio).
Lema: gaja que quer estar vestida (despida) à altura do acontecimento, rapa frio nas estações frias do ano, ponto final.
Ora bem: nem o aquecimento global é assim tão dramático que tenha tornado Portugal num clima tropical de eterno Verão, nem, com a tal história do clima temperado, as casas e demais espaços interiores estão assim tão bem aquecidos, como todos sabemos.
É, portanto, um espectáculo desconcertante para o espectador atento ver o desequilíbrio dos pares, no que à indumentária diz respeito: as festas, os bares, os restaurantes, estão repletos de homens confortáveis, invejavelmente vestidos com blusões e/ou camisolas de manga comprida, não raro de malha, e mulheres a tiritar de frio com um único casaco de Inverno a cobrir um qualquer trapo (mínimo) de cetim ou algodão de manga à cava. Como se estivessem 28 graus centígrados, quando, na realidade, estão uns 7 graus à noite.
Claro que, quem não quer seguir a ditadura, tem bom remédio. Mas isso é fácil de dizer. Esta ditadura (porque é de ditadura da moda que se trata) tem-se acentuado nos últimos anos, e para a qual muito têm contribuído os mostradores das tais grandes lojas, que praticamente só oferecem blusas finíssimas, sem mangas e sem costas, em todas as colecções de Outono/Inverno – as peças de roupa que há uns dez anos atrás estariam apenas nas colecções primaveris. De tal modo, que se torna difícil conciliar o vestuário “bonito” com o “confortável e quente” quando se quer fugir aos padrões da roupa de dia, “de trabalho”. Até porque o frio e o ser-se friorento, são ideias que se associam cada vez mais à ideia de velho, bafiento, e o que está na moda é ser-se novo, cheio de saúde, logo, encalorado.
Não admira, portanto, que haja por aí muita garota a rir despropositadamente à noite: são os esgares de enregelamento. Não duvidem.
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