Mathew Macfadyen como "Mr. Darcy" em Pride and Prejudice (2005).
Recentemente, num jantar de um evento social sentou-se ao meu lado um rapaz desconhecido, numa mesa de dez pessoas. Era muito alto, moreno e bem-parecido. Um autêntico Mr. Darcy. Mas dos piores. Arrogante e de cara fechada. Não pediu licença ao sentar-se, não disse boa noite, não se apresentou pessoalmente, nem tão pouco abriu a boca durante todo o jantar, apesar de os convivas serem amigos dele (e não meus) e de a conversa até estar animada. Eu própria, apesar de não conhecer bem as pessoas, tagarelei com a rapariga do lado e ri-me quando diziam piadas. Até me mostrei receptiva para conversar com a personagem sinistra, mas as trombas eram tão grandes que desisti.
Foi com grande alívio que me levantei da mesa e fui para casa deixando para trás o trombudo, na certeza de que nunca mais ouviria falar dele. Qual não é o meu espanto quando, semanas depois, o anfitrião da festa me diz que o trombudo tinha ficado muito bem impressionado comigo. Mais atónita fiquei depois, quando o trombudo me envia uma "solicitação de amizade" numa rede social.
Bom. Cá está. Um certo tipo de homem no seu melhor. Quando há uma boa oportunidade de conversar face a face, desperdiça-a, protela, procrastina. E, depois, sob a protecção confortável da rede social, lança cautelosamente um convite de amizade. Isto é triste.
Já conheci muitíssimos Darcys nesta vida, pelo que já não me impressionam nem me atraem minimamente. É que, infelizmente, e ao contrário da personagem literária, hoje em dia é muito raro detectar-se nobreza de carácter por detrás da falta de competências sociais. Em geral, o que está por detrás disso é pura falta de educação, e, atrás desta, não pode haver nada de muito promissor. E, como se não bastasse, este fenómeno das redes sociais ajuda esta gente a subverter situações em que uma simples conversa (que poderia ser um desafio socialmente agradável e gratificante), é substituída por um contacto pobre, rarefeito e artificial via internet. Isto causa-me profunda irritação.
Há uma música do Jack Johnson que me faz lembrar isto. Esta gentinha enconada, sem tomates, sem arrojo, sem têmpera, sem nada. Chama-se “Mediocre bad guys”. Porque há homens que são maus, mas até nisso são uns tristes.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
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Minha querida, desculpa a sinceridade, mas existem Mr. Darcys como existem Elisabeths:
ResponderEliminarMr. Darcy: So this is your opinion of me. Thank you for explaining so fully. Perhaps these offences might have been overlooked had not your pride been hurt by my honesty...
Elizabeth Bennet: My pride?
Mr. Darcy: ...in admitting scruples about our relationship. Could you expect me to rejoice in the inferiority of your circumstances?
Elizabeth Bennet: And those are the words of a gentleman. From the first moment I met you, your arrogance and conceit, your selfish disdain for the feelings of others made me realize that you were the last man in the world I could ever be prevailed upon to marry.
[they look at each other for a long time as though about to kiss]
Mr. Darcy: Forgive me, madam, for taking up so much of your time.
Muitas coisas podem ter acontecido para fazer com que um moço aparentemente normal mas reservado fosse trombudo. Faz accept na lista e deixa-o andar. Eu já te disse que te tens em pouca conta, deixa-o tentar.
Beijos ;)
É, nada melhor do que uma oportunidade de uma pessoa se sentar ao lado de uma mulher bonita e interessante e passar uma noite a falar com ela.
ResponderEliminarNão acontece muitas vezes...
Mas ele estava a fazer o estilo. Lixou-se!
Este texto está fantástico. E reconheço tanto a imagem. Fuck them!
ResponderEliminarQuerida andorinha,
ResponderEliminarVou ponderar e pensar nisso :)
Mas, minha linda, acredita que eu sou a rainha das oportunidades!:D Sou melhor que os Centros Novas Oportunidades que o Eng.º Sócrates criou! ;))
Eu já dei milhões de oportunidades a gente assim. E nunca nenhum melhorou pelo facto de lhes ter sido dada segunda (terceira, quarta, vigésima) oportunidade. Na maior parte das vezes, só pioraram. Aliás, nós raparigas sabemos bem que eles é que se têm em pouca conta, e é por isso que ficam intimidados connosco.
Tenho uma clara preferência por pessoas alegres, simpáticas e educadas, que se integrem numa conversa e que me ajudem a transformar um serão chato numa coisa mais animada.
O que mais me enfureceu é que se fosse com uma pessoa da minha cidade, do Porto, de Lisboa, etc, era diferente. Mas este jantar nem sequer decorreu em Portugal. A distância geográfica é tão grande que é impossível repetir outra ocasião semelhante. Portanto, a oportunidade de conversa foi mesmo desperdiçada para sempre. E eu até posso fazer o Accept na lista, mas aquela ocasião nunca poderá ser substituída por meia dúzia de likes e umas quantas palavras num chat…
Um beijinho! :)
Miguelito,
ResponderEliminarIsso do fazer estilo comigo não cola :) Aliás, até acho um bocado apanascado, acho que isso fica melhor às mulheres, e, mesmo assim, em doses muito pequenas. ;)
Aprecio muitíssimo as pessoas simples, que são elas próprias, que what you see is what you get, que não complicam, que não fazem joguinhos, que não me andem a enrolar, que são divertidas, que conversam e que são transparentes.
Marta,
ResponderEliminaresta gente só nos cansa a beleza, pá! :)
Então tens toda a razão! Caga no gajo! eu pensava que ele vivia cá/aí. Palerma! (o gajo, nao tu!)
ResponderEliminarAh ah! Foi o que me apeteceu dizer-lhe :D
ResponderEliminarE ainda que fosse um português num jantar em Portugal continua a não se compreender a atitude (detesto gente armada em boa)! Ass.: Uma ex-Sol de um (antigo Verão Azul). ;)
ResponderEliminarOh Marta, e eu que adorava o teu blog e não sabia que eras tu...! Já está na colunazinha ali ao lado! Muito fashion :D
ResponderEliminarMuitas vezes penso em voltar ao Verão, sinto saudades, mas falta-me o tempo para tudo! :) E há pessoas que conheci através desse blog que não queria "perder"! Como tu (daí ter-me identificado). Porque há pessoas com as quais sentimos uma afinidade natural e as reconhecemos como possíveis amigas. É o caso! ;)
ResponderEliminarOlha que simpatia :) E fizeste tu muito bem! Obrigada, Marta.
ResponderEliminarAinda por cima os fashion blogs, que são a minha perdição. ;) Vou continuar a par de tudo!
Bjnhs
Ainda noutro dia falava com uma amiga sobre a conversa virtual hoje em dia. Lembro-me nos tempos do mIRC, a coisa ser bem diferente. E que, a partir de um certo tempo de conversa em que o interesse é claro, mas a acção (de ambas as partes) é nula, podemos estar perante alguém que se alimenta de um flirt contínuo só por si. Como se não tivesse necessidade do contacto fisico, mas apenas de uma "perversidade falatória". Não que queira criar uma gaveta para "certo tipo de homens" ou "certo tipo de mulheres", mas que de facto acontece cada vez mais, acontece.
ResponderEliminarE a chatice é muitas vezes parecerem extremamente interessantes. Vidas!
Maria, do pouco que sei, é que estas pessoas ou das duas uma: ou têm uma vida muito preenchida e só querem passar o tempo na net, ou têm vidas muito vazias e não têm coragem de viver de verdade. De uma forma ou de outra, acho que é pouco saudável!
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