Nunca gostei da forma como hoje em dia se dança (sem prejuízo para o facto de eu própria já ter dançado milhares de vezes da forma como mais adiante vou descrever).
Ou seja, a forma como se dança mais ou menos desde os anos 70 ou 80: as pessoas abanam o corpo e a cabeça e deixou-se de se dançar a pares, o que é uma tristeza porque favorecia a conversa, a proximidade e ocontacto físico com o sexo oposto, e com um belíssimo pretexo: a dança.
Com as mudanças sociais e a emancipação feminina, a dança desestruturou-se, deixou de haver o convite formal para dançar a pares (que acabou para aí com o twist na década de 60), e começou-se a dançar à maluca como os hippies em Woodstock, a febre do disco sound, punks dos eighties… e foi até hoje.
(Ah e tal, mas tens a valsa e kizomba e a salsa e essas coisas latinas que agora andam para aí na moda. ALTO! Abomino danças de salão. Alémde fazerem do par masculino uma entidade ligeiramente grotesca e efeminada, são, justamente, para um “ambiente artificial”, ou seja, só se dança assim em contextos específicos.)
Portanto, tirando as danças de salão e “étnicas” (chamemos-lhes assim), temos, essencialmente, a forma como hoje se dança nas discotecas. Ou seja, uma coisa que, vista de fora, é altamente ridícula (mais uma vez, contra mim falo, pois também ando nestas figuras às vezes), e que se resume assim:
- As mulheres formam um círculo ou semi-círculo e sacodem-se e saltam que nem doidas, voltadas umas para as outras e de costas para os homens;
- Os homens, menos histéricos e com um copo na mão, formam uma fila ou um semi-círculo exterior ao das raparigas, e abanam-se ligeiramente ao som da música, com uma proximidade estudada para dupla finalidade: avaliarem os rabos delas e estarem atentos à eventual oportunidade de se roçarem nelas.
De modo que me parece tudo muito idiota e é uma pena enorme. E tenho secretamente um grande desgosto de já não se dançar como nos anos 20 o charlston, nos anos 40 o swing, ou nos anos 50 o rock ou o boogiewoogie. Danças frenéticas, ritmadas, fixes, pá! Que davam para ambos os sexos dançarem em grupo, mas sempre a dois.