quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dançar, em 2010

Nunca gostei da forma como hoje em dia se dança (sem prejuízo para o facto de eu própria já ter dançado milhares de vezes da forma como mais adiante vou descrever).

Ou seja, a forma como se dança mais ou menos desde os anos 70 ou 80: as pessoas abanam o corpo e a cabeça e deixou-se de se dançar a pares, o que é uma tristeza porque favorecia a conversa, a proximidade e ocontacto físico com o sexo oposto, e com um belíssimo pretexo: a dança.

Com as mudanças sociais e a emancipação feminina, a dança desestruturou-se, deixou de haver o convite formal para dançar a pares (que acabou para aí com o twist na década de 60), e começou-se a dançar à maluca como os hippies em Woodstock, a febre do disco sound, punks dos eighties… e foi até hoje.

(Ah e tal, mas tens a valsa e kizomba e a salsa e essas coisas latinas que agora andam para aí na moda. ALTO! Abomino danças de salão. Alémde fazerem do par masculino uma entidade ligeiramente grotesca e efeminada, são, justamente, para um “ambiente artificial”, ou seja, só se dança assim em contextos específicos.)

Portanto, tirando as danças de salão e “étnicas” (chamemos-lhes assim), temos, essencialmente, a forma como hoje se dança nas discotecas. Ou seja, uma coisa que, vista de fora, é altamente ridícula (mais uma vez, contra mim falo, pois também ando nestas figuras às vezes), e que se resume assim:

- As mulheres formam um círculo ou semi-círculo e sacodem-se e saltam que nem doidas, voltadas umas para as outras e de costas para os homens;
- Os homens, menos histéricos e com um copo na mão, formam uma fila ou um semi-círculo exterior ao das raparigas, e abanam-se ligeiramente ao som da música, com uma proximidade estudada para dupla finalidade: avaliarem os rabos delas e estarem atentos à eventual oportunidade de se roçarem nelas.

De modo que me parece tudo muito idiota e é uma pena enorme. E tenho secretamente um grande desgosto de já não se dançar como nos anos 20 o charlston, nos anos 40 o swing, ou nos anos 50 o rock ou o boogiewoogie. Danças frenéticas, ritmadas, fixes, pá! Que davam para ambos os sexos dançarem em grupo, mas sempre a dois.

5 comentários:

  1. Eh pah, ainda bem que falas disso. Odeio esses círculos. Não percebo a obsessão de toda a gente com as rodinhas. Será uma coisa tipo: atenção, nós somos todas amigas e mais ninguém pode entrar no círculo.
    E isso atinge o cúmulo do ridículo quando vai alguém dançar para o meio, ou pior, vai alguém à vez dançar para o meio.
    Poupem-me... Depois acho engraçado quando se admiram de eu não querer ir 'dançar'.

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  2. Certo. Tinha-me esquecido dessa de ir para o meio. Um mimo! :)

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  3. eh eh tenho uma cena sobre a rodinha no meu projecto de anteprojecto de draft de romance inacabado e por publicar :)) eu finjo que não conheço as pessoas com quem estou se fazem rodinhas. mas nunca danço. tough guys dont dance. se fosse como nos sixties sim, concordo em absoluto.

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  4. A tua descrição deu-me uma visualização completa do ETC/Ratão/ou lá como se chama agora, nos meus tempos de faculdade. Nunca mais dancei em roda, fora casamentos, claro :D Ridículo!

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  5. E para além das rodinhas, são as filas, ou lado a lado, ou semi-círculo, ou sei lá, call me old fashion, mas eu sei é que são formas esquisitas de dançar... :P

    (PS: Eh pá... aquele sítio já foi Etc., João Ratão, Dux, Vinyl, e eu nem sei o que é que se chama agora... Eu fui da era Ratão/Dux.) ;)

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