terça-feira, 30 de novembro de 2010

Entardecer no Magreb

O Mediterrâneo mesmo em frente: uma presença apaziguadora e reconfortante. Está ali. Translúcido, intenso, eterno. Mare Nostrum. E há a limpidez azul do céu. Mar e céu, como dois amantes sobrepostos.

E tudo é quente e doce e calmo. No entardecer melancólico, os pássaros, pontualmente, às seis da tarde, quebram a quietude geral ao recolherem-se nas árvores com voos e cantares quase ensurdecedores. Música e espectáculo imperdíveis.

Quando está quase a cair a noite, o ar é morno. E de veludo. Docemente morno, agitado por um vento doce e seco. Ar seco, como pó dourado. Seco como as palmeiras e as tâmaras, como a pele das pessoas do deserto, como as cores térreas das casas que nos rodeiam. Tons ocres e rosados, que combinam com a calidez dos pôres-do-sol. Só os sons do ud, a entorpecer-nos os sentidos, contrastam com a aridez suave e boa deste quadro.

Fins de tardes que convidam a mil e uma noites.



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